A Agência Espacial Europeia (em inglês: European Space Agency – ESA) relatou que considera a hibernação como uma técnica capaz de revolucionar as viagens espaciais. A ideia de aplicá-la por cápsulas de hibernação tomaria como inspiração o processo realizado pelos animais, visando uma adaptação para a condição humana.
Durante o período em que hibernam, os animais reduzem sua frequência cardíaca, a respiração e outras funções vitais; seu metabolismo entra numa dormência profunda, sendo essa uma maneira eficaz de economizar energia.
Os pesquisadores da ESA que estão envolvidos no programa de exploração espacial por humanos estimam que, nesse sentido, reduzir a atividade metabólica de uma tripulação em rota para Marte a 25% de sua atividade normal diminuiria consideravelmente a necessidade de água, alimento e espaço vital.
Os cientistas até mesmo afirmam que essa forma de hibernação ajudaria a limitar o tédio, o sentimento de solidão, o estresse e os níveis de agressividade, fatores comuns em situações de confinamento dentro de uma máquina espacial.
Essas questões são importantes a se considerar quando se trata de uma equipe embarcando numa viagem que dura muitos anos, longe da Terra e em direção a um planeta hostil.
Hibernação dos ursos como referência
De acordo com especialistas, os tardígrados, sapos e répteis são os melhores quando se trata de hibernar. Mas é o urso quem pode ser o melhor modelo referencial na intenção de adaptar a técnica à condição humana, pois sua massa corporal é muito mais próxima da nossa quando comparada a dos outros animais citados mais acima.
Ele também tem o hábito de não reduzir tanto sua temperatura corporal quando hiberna, o que é considerado mais seguro para nossa espécie.
Assim como fazem os ursos, os pesquisadores incentivariam os astronautas a fazerem reservas de gordura antes de entrarem em hibernação. E, ao contrário do que se pode acontecer quando alguém fica seis meses numa cama, os cientistas estimam que a hibernação previne a atrofia muscular e óssea, além de proteger contra lesões nos tecidos.
Os ursos não duram mais que vinte dias para recuperar suas capacidades depois de passar seis meses em jejum e imobilização.
O modelo das cápsulas de hibernação
Os pesquisadores da ESA imaginam o seguinte conceito: cápsulas de hibernação com casco macio, onde os astronautas poderiam viver tranquilamente durante a fase de hibernação enquanto prosseguem para Marte.
Num ambiente suave, com iluminação fraca, temperatura baixa – menor que 10 °C – e umidade elevada, os astronautas ficariam em quietude completa. Em torno das cápsulas, os pesquisadores consideram colocar algum tipo de escudo de água, para protegê-los de radiações.
Como se a narrativa já não parecesse um filme de ficção científica o suficiente, a ideia também propõe uma inteligência artificial para cuidar da máquina. Ela se ocuparia não apenas das operações rotineiras, mas também de resolver anomalias e emergências. Além disso, a IA iria monitorar o consumo de energia e as taxas dos astronautas.
