7 mistérios do oceano que os cientistas ainda não desvendaram

Dominic Albuquerque

A Terra é um planeta aquático, por assim dizer — mais de 70% da sua superfície está coberta por oceanos. Ainda assim, sabemos muito pouco sobre o que existe por baixo das águas e os mistérios do oceano. Nessa perspectiva, o oceano é como um mundo alienígena em nosso próprio planeta. Muitas das suas criaturas ainda são desconhecidas — tanto em sua natureza como na quantidade. Seus comportamentos e adaptações continuam inexplicáveis.

Até mesmo os limites desse mundo ainda não foram mapeados; nós provavelmente sabemos mais sobre a superfície de Marte do que sobre o fundo do oceano. Entender o oceano pode nos ajudar a entender melhor nosso planeta num nível fundamental. E o oceano não é apenas uma fonte de mistério, mas um local de aventura também.

“Como você não poderia se empolgar com isso?”, questiona Vicki Ferrini, cientista da Universidade de Columbia. “As pessoas têm esse entusiasmo passional sobre o espaço, o que é totalmente compreensível. Mas o oceano é igualmente, ou até mesmo mais empolgante para mim, porque ele está aqui. No mesmo planeta onde estamos”.

E quais são os 7 mistérios ainda não desvendados do oceano? Vamos conferi-los aqui.

Onde está todo o plástico do oceano, e como ele chegou lá?

Todo ano, toneladas de plásticos fabricados na superfície são jogados no mar. Todavia, os cientistas ainda precisam descobrir todas as rotas que o plástico traça quando chega ao oceano.

“99% de todo o plástico desapareceu”, explica o oceanógrafo Erik van Sebille. “Nós temos plástico escuro. Assim como os astrônomos têm matéria escura e energia escura, nós oceanógrafos não temos ideia de onde a maior parte do plástico no nosso oceano está. Nós o perdemos”.

Por que as baleias encalham na praia?

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Socorristas tentam salvar baleia encalhada em 19 de abril de 2022, na China. Imagem: Getty Images

Os cientistas estão sempre tentando descobrir mais acerca do comportamento das criaturas marinhas. Por exemplo, todo ano, milhares de mamíferos marinhos, como baleias, encalham na praia ou em águas rasas, próximas à costa. De acordo com alguns estudos, esse problema tem crescido.

Mas por que esses animais fazem isso? A culpa é nossa?

Essa pergunta é muito difícil de responder, porque embora saibamos que os humanos têm afetado o ambiente oceânico, é difícil analisar como esses efeitos impactam espécies individuais. Ainda assim, é algo importante de se descobrir. Afinal, como vamos proteger animais sem saber o que está ameaçando-os em primeiro lugar?

O homem consegue de fato ter uma amizade com um polvo?

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Imagem de um polvo comum. Imagem: A. Martin UW Photography/Getty Images

Em 2020, o documentário Professor Polvo provocou uma fascinante dúvida: é possível haver uma relação afetuosa entre humanos e uma criatura marinha como o polvo? Não sabemos se a amizade no documentário era genuína na perspectiva do polvo, afinal. Talvez nunca entendamos de fato a vida interna dos animais.

Quantos peixes vivem na zona crepuscular do oceano?

A medida que mergulhamos mais profundamente no oceano, menos luz alcança seus domínios. A cerca de 200m abaixo da superfície, encontramos uma área chamada de zona mesopelágica, ou “zona crepuscular”. A luz do Sol desaparece quase por completo, assim como o nosso conhecimento sobre essas profundezas marinhas.

“É quase mais fácil definir o que não sabemos do que o que sabemos”, diz Andone Lavery, uma acústica no Woods hole Oceanographic Instituion. “É remoto. É profundo. É escuro. É elusivo. É temperamental”.

Mas essa região do oceano é extremamente importante. É possível que haja mais peixes vivendo na zona crepuscular do que no resto do oceano combinado, e essas criaturas desempenham um papel importante na regulação climática.

Por que tantas criaturas marinhas brilham?

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Bioluminescência de uma medusa. Imagem: NOAA’s National Ocean Service /Flickr

Há luz no fundo do oceano? Sim… Ela só não vem do Sol. Nas profundezas do mar, os mergulhadores encontram demonstrações de bioluminescência que parecem alienígenas. Quase toda criatura de águas profundas consegue se “acender” de alguma maneira.

“Tinha tudo isso piscando e brilhando e cintilando ao meu redor”, relatou a bióloga marinha Edie Widder. “Você não está vendo isso a distância. Você está no centro da exibição. Na verdade, você é parte dela, porque qualquer movimento que faça desencadeia flashes ao seu redor”.

Apenas 20% do fundo do oceano foi mapeado. O que está lá embaixo?

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Mapa com dorsais meso-oceânicas. Imagem: Berann, Heinrich C., Heezen, Bruce C., Tharp, Marie./Wikimedia Commons

Atualmente, apenas 20% do fundo do oceano foi mapeado, tornando-o ainda mais misterioso do que a superfície da lua de Marte. Isso significa que, toda vez que os exploradores vão até essas profundezas, eles provavelmente veem coisas que nenhum outro homem viu antes.

Mas pessoas participaram das missões Apollo na lua do que o número de visitantes à Depressão Challenger, a parte mais profunda da superfície terrestre, situada nas Fossas Marianas.

Conseguimos cavar através do fundo do oceano, até o manto da Terra?

A curiosidade dos cientistas vai além do fundo do oceano; eles querem saber o que existe além das profundezas.

60 anos atrás, geólogos tentaram cavar através do assoalho oceano, em busca de retirar uma porção do manto terrestre, uma camada do planeta que nenhum humano conseguiu observar diretamente até então.

A missão não saiu como esperado, mas serviu para alimentar u m novo campo de estudo científico, que ajudou a reescrever não apenas a história do planeta, mas até as definições do conceito de vida. Tudo isso demonstra que, até então, ainda há muito para se entender sobre o oceano.

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