Vacina para malária mostra 77% de eficácia em testes

Mateus Marchetto
Uma nova vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford apresentou até 77% de eficácia em testes clínicos. (Imagem de Emphyrio por Pixabay)

A malária é uma das doenças mais mortais do mundo. As fêmeas de mosquito do gênero Anopheles sp. transmitem a doença que mata mais de 400 mil pessoas ao ano. Desse número, a maioria das vítimas são crianças. O número de casos passou de 229 milhões no ano de 2019, por exemplo, dos quais mais de 90% ocorreram no Continente Africano. Apesar dessa severidade, contudo, ainda não há nenhuma vacina contra a malária aprovada no mercado.

Procurando mudar isso, pesquisadores da Universidade de Oxford acabam de divulgar os testes de uma nova vacina. De acordo com resultados clínicos preliminares, a vacina pode alcançar uma eficiência de até 77%. O importante é que esse valor excede os 75% exigidos pela OMS – vacinas anteriores alcançaram apenas 55%. Ademais, a universidade deve requisitar à OMS uma liberação emergencial da vacina para a população africana.

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(Imagem de David Mark por Pixabay)

Nesse estágio dos testes clínicos, 450 crianças de Burquina Faso receberam a vacina e também um acompanhamento ao longo de 12 meses. O próximo passo, de acordo com os pesquisadores, será um teste realizado em pelo menos 5 mil pessoas ao longo do continente africano. O Instituto Serum, na Índia e responsável pela produção do imunizante, afirma que pode entregar 200 milhões de doses assim que houver a liberação sanitária.

Por que é tão difícil criar uma vacina para a malária?

Ao contrário do que se possa pensar, o agente causador da malária não é um vírus, e nem uma bactéria. Existem cinco protozoários do gênero Plasmodium sp. que podem causar a malária. Um protozoário é um organismo unicelular, com núcleo organizado e evolutivamente mais organizado e complexo do que qualquer vírus e a maioria das bactérias.

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Na prática, os protozoários tem células muito mais parecidas com as nossas do que com a de uma bactéria. Assim, esses microrganismos também possuem uma variedade maior de genes relacionados à infecção do hospedeiro. Além do mais, o ciclo de vida dos plasmódios é mais complexo do que o de um vírus, por exemplo.

Outro ponto importante é a dificuldade da cultura desses organismos em laboratório. Vírus e bactérias (essas últimas principalmente) podem ser cultivados de forma relativamente fácil em laboratório em grandes números. Protozoários em geral, por outro lado, são difíceis de produzir em grandes números para viabilizar a produção de antígenos.

Ainda assim, os pesquisadores conseguiram mapear um conjunto de proteínas dos plasmódios que podem ser reconhecidas pelo sistema imune. Resta saber se os resultados irão se aplicar em outras populações africanas.

A pré-publicação está disponível no periódico The Lancet.

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