Universo possui 26,7 bilhões de anos, afirma estudo

Descoberta tem potencial de revolucionar a cosmologia.

Elisson Amboni
A estrela Matusalém possui contraditórios 16 bilhões de anos. Imagem: Digitized Sky Survey (DSS), STScI/AURA, Palomar/Caltech, UKSTU/AAO

Um novo estudo instigante, publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, abala nossa percepção do tempo cósmico. Acredita-se agora que nosso universo seja quase o dobro da idade anteriormente estimada. Não são 13,7 bilhões de anos, como pensávamos antes. Ao contrário, o Prof. Rajendra Gupta, da Universidade de Ottawa, sugere uma idade astronômica de 26,7 bilhões de anos.

O enigma das primeiras galáxias

O senso comum na astrofísica pressupõe a medição da idade do universo baseada no tempo decorrido desde o Big Bang e na análise das estrelas mais antigas. No entanto, certos fenômenos têm causado estranheza à comunidade científica.

Estrelas antiquíssimas como Matusalém parecem contradizer a idade proposta até então para nosso universo. Além disso, galáxias primitivas descobertas pelo Telescópio Espacial James Webb exibem um estado de evolução avançada inesperadamente precoce. Estes corpos celestes possuem características típicas associadas a bilhões de anos de evolução cósmica. Além disso, surpreendem pela pequenez de seus tamanhos.

A hipótese da luz cansada de Fritz Zwicky argumenta que a tonalidade avermelhada da luz proveniente das galáxias distantes é resultado da perda gradual de energia dos fótons ao longo das vastas distâncias cósmicas. Embora essa teoria tenha conflitado com as observações em muitos aspectos anteriormente, Gupta encontrou uma maneira engenhosa de integrar essa ideia ao conceito do universo em expansão.

A novidade está no entendimento híbrido desse avermelhamento (ou desvio para o vermelho). Em vez de atribuí-lo unicamente à expansão do universo, é possível interpretá-lo também como um sinal dessa perda energética dos fótons durante seu trajeto intergalático.

Evoluindo com o tempo: constantes de acoplamento

Gupta não parou por aí. Além disso ele resgata uma hipótese contemporânea ao trabalho original do físico britânico Paul Dirac sobre constantes fundamentais que governam as interações entre partículas, chamadas “constantes de acoplamento”. Na verdade elas podem não ser tão constantes assim e sim ter variado ao longo do tempo.

Ao contemplar a evolução temporal dessas constantes fundamentais em nossos cálculos contemporâneos, conseguimos estender o período estimado para a formação das primeiras galáxias, observadas pelo Telescópio James Webb em elevados índices de desvio-vermelho, adicionando alguns bilhões de anos além do tradicionalmente esperado.

Revisão da constante cosmológica

O Dr. Gupta e sua equipe nos conduzem à uma nova perspectiva sobre a constante cosmológica, um parâmetro crucial na física que simboliza a energia escura e impulsiona a expansão acelerada do universo. Ao invés de se conformar com as teorias existentes, ele propõe uma nova constante que poderia elucidar justamente essas flutuações temporais nas constantes fundamentais previamente citadas.

A introdução deste conceito no arcabouço atual da cosmologia tem o potencial de nos proporcionar uma maior compreensão de alguns enigmas persistentes; notavelmente, as dimensões minúsculas dessas primeiras galáxias mencionadas.

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