Ferramentas de 700.000 anos encontradas na Grécia reescrevem a história

Felipe Miranda
Imagem: Adobe Stock

Platão, Aristóteles, Arquimedes. São diversos os nomes gregos que pensamos ter vivido muito tempo atrás. No entanto, alguns dos grandes nomes viveram apenas alguns séculos, ou um ou dois milênios antes de cristo. Mas novas descobertas em território grego remontam a 700 milênios atrás, mostrando que a história grega é muito mais antiga do que a Antiguidade, e muito há se contar durante a pré-história.

Pesquisadores acabam de descobrir novas ferramentas no sítio arqueológico mais antigo de toda a Grécia. Datado de 700 mil anos atrás, o sítio arqueológico possui registros de hominídeos ancestrais aos sapiens – o humano moderno.

A revelação ocorre após 5 anos de um projeto de uma equipe internacional de especialistas. A equipe investiga cinco áreas nas proximidades de Megalópolis. A descoberta foi feita nas proximidades da cidade grega citada, localizada no sul da Grécia. Megalopólis está localizada na península do Peloponeso, local onde estão diversas cidades gregas notáveis e importantes, sob termos históricos, como Micenas, Olímpia e Pilos.

“Estamos muito entusiasmados por poder relatar esta descoberta, que demonstra a grande importância da nossa região para a compreensão das migrações de hominídeos para a Europa e para a evolução humana em geral”, disseram os diretores do projeto à Associated Press.

Este não é o sítio arqueológico mais antigo da Europa. O mais antigo do continente europeu está na Espanha, e possui descobertas que datam de mais de um milhão de anos. No entanto, a descoberta dessas ferramentas no sítio arqueológico grego é importante porque reescreve a história grega em uma diferença de mais de 250 mil anos do que se tinha anteriormente.

“Há um contexto arqueológico em que foram encontradas ferramentas e restos de animais. É um local importante e muito precoce (…) que nos permite recuar, e de forma autoritária, a era das primeiras ferramentas na Grécia.”, disse à Associated Press o arqueólogo Nikos Efstratiou, professor de arqueologia pré-histórica da Universidade de Salônica, na Grécia. O arqueólogo não esteve envolvido na descoberta.

“(É) um dos locais mais antigos da Europa que têm ferramentas características da chamada indústria de ferramentas do Paleolítico Médio, sugerindo que a Grécia pode ter desempenhado um papel significativo no desenvolvimento da indústria (de pedra) na Europa”, disse o trio que dirige o projeto.

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Imagem: Ministério da Cultura da Grécia.

Junto às descobertas de ferramentas de pedra, os pesquisadores encontraram restos de animais, dos quais várias espécies já estão extintas. Entre esses fósseis estavam veados gigantes, elefantes, hipopótamos, rinocerontes e até mesmo fósseis de um macaco.

A direção do projeto descreve os objetos descobertos como “ferramentas simples, como flocos de pedra afiados, pertencentes à indústria de ferramentas de pedra do Paleolítico Inferior”.

Quem produziu as ferramentas?

As ferramentas foram, obviamente, produzidas por humanos. Mas não por sapiens. Os humanos são um grupo composto por diversas espécies, das quais apenas uma resta nos dias de hoje – a dos sapiens. Essas ferramentas podem ter sido utilizadas para muitas coisas, desde cortar carne, até vegetais e pedaços de madeira.

Acredita-se que as ferramentas foram manufaturada pelo Homo antecessor, possivelmente o último ancestral comum entre os humanos modernos (nós, sapiens) e os neandertais.

“No entanto, não poderemos ter certeza até que os restos fósseis de hominídeos sejam recuperados”, disse a direção do projeto. “(O sítio) é a mais antiga presença de hominídeos atualmente conhecida na Grécia, e atrasa o registro arqueológico conhecido no país em até 250.000 anos”.

Futuramente, as ferramentas atualmente datada de 700 mil anos, terão sua datação refinada após novas análises que seguem sendo aguardadas.

A equipe que coordenou e dirigiu o projeto é composta por Panagiotis Karkanas, da Escola Americana de Estudos Clássicos de Atenas, Eleni Panagopoulou, do Ministério da Cultura Grego, e Katerina Harvati, professora de paleoantropologia da Universidade de Tübingen, na Alemanha.

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