O cérebro funciona de forma parecida com um computador, embora haja muitas diferenças. De forma geral, o o cérebro processa a informação do corpo e transmite novas ordens de volta por meio de sinalizações moleculares. Nesse sentido, pesquisadores acabam de descobrir um tipo de sinalização completamente nova que ocorre no córtex cerebral.
A famosa transmissão do impulso nervoso acontece principalmente por íons de sódio e potássio. Contudo, pesquisadores acabam de relatar um tipo de sinalização que ocorre no córtex, baseada em íons de cálcio.
Para chegar a essa descoberta, relatada em um artigo na revista Science, os pesquisadores utilizaram amostras do córtex de pacientes com epilepsia e tumores retirados durante cirurgias. Essas amostras eram especificamente das camadas do córtex cerebral, e o novo mecanismo foi observado nas camadas 2 e 3.
Por técnicas de fluorescência e estímulo dos neurônios, os pesquisadores puderam observar que a sinalização nervosa acontecia também na presença de íons de cálcio, mesmo que o sódio não estivesse presente.
Além do mais, esse mecanismo se mostrou mais graduado do que o já conhecido. Isso porque o impulso nervoso motivado de forma tradicional apenas se propaga se o sinal forte o suficiente. Então, ou há o sinal, ou não há. Já o mecanismo do cálcio mostrou impulsos nervosos de menor intensidade, formando gradientes de impulsos.
Como ocorre a sinalização no cérebro
A transmissão do impulso nervoso acontece por diferenças de potencial. Assim, o exterior dos dendritos (as “raízes” dos neurônios) tem uma grande quantidade de sódio, que é positivo. O interior, por outro lado, tem potássio, que deixa essa parte levemente mais negativa.
Quando ocorre qualquer sinal no corpo, essa polaridade se inverte para que um potencial elétrico seja transmitido. Para simplificar, vamos supor que um martelo caia no seu pé. Devido aos mecanismos moleculares do seu corpo, o impacto vai geral uma resposta e uma despolarização da membrana.
Esse sinal então vai viajar até o cérebro por meio desse impulso elétrico, gerado por uma diferença de potencial.
A descoberta mostra portanto que o cálcio também pode ter um papel importante e pouco conhecido na despolarização dos dendritos de nossos neurônios. Ademais, essa é uma característica um tanto exclusiva de humanos, já que ratos de laboratório não apresentam, aparentemente, este mecanismo.