Ratos podem ser polinizadores, mostram vídeos de pesquisa

Mateus Marchetto
Imagem: parkstonephotography / Pixabay

Um rato não é exatamente a imagem-modelo quando se fala de animais polinizadores. Contudo, filmagens feitas em uma nova pesquisa indicam que ratos podem, de fato, ser polinizadores de plantas.

De acordo com a pesquisa, publicada no periódico New Zealand Journal of Ecology, os ratos podem atuar como polinizadores para o linho da montanha (planta do gênero Phormium). Ainda, é possível que os roedores ofereçam uma competição extra aos pássaros, bebendo o néctar das flores durante a noite.

Para chegar a tal evidência, os autores monitoraram diversas plantas diferentes em uma planície alagada ao longo de 9 dias. Com o auxílio de câmeras automáticas, os pesquisadores monitoraram, ao longo desse tempo, os animais que passaram pelas plantas.

Em seis das nove noites de filmagens, ratos apareceram nas plantas para beber o néctar das flores. Ademais, as filmagens mostraram que os roedores não mastigaram ou destruíram as flores, o que pode indicar uma interação benéfica também para a planta.

Segundo a pesquisa, aves que polinizam o lírio da montanha são fáceis de se identificar. Os grãos de pólen formam uma cobertura de cor vibrante nas plumagens dos animais, que carregam os grãos para outras plantas, completando a fertilização. O mesmo processo, pode acontecer com os ratos, mesmo que estes sejam espécies invasoras.

“Nossas observações revelaram que o rato de navio pode servir como um novo polinizador para o linho da montanha,” dizem os autores no paper. “Espécies de aves visitando o linho são facilmente identificáveis devido ao pólen laranja-amarelo vibrante que adere à sua plumagem. É provável que este pólen também grude à pele dos ratos visitantes, e seja vetorizado para outras plantas conforme os ratos se alimentam.”

Polinizadores incomuns

Ratos tendem a ter uma imagem bastante negativa no imaginário popular – e talvez não seja para menos. Os ‘ratos de navio’ citados acima são aqueles animais que chegam a ilhas isoladas por meio de embarcações e acabam virando uma espécie invasora. A Nova Zelândia, por exemplo, já perdeu a maior parte da biodiversidade de aves nativas por conta disso.

Além do mais, ratos são vetores de doenças como a leptospirose, além de poderem carregar outros vetores, como a pulga que transmite a peste bubônica.

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Imagem: Michael_Luenen / Pixabay

Evidentemente, a descoberta da polinização pelos roedores não anula os demais problemas que eles geram. Contudo, as descobertas podem dizer muito sobre o espaço adaptativo e o uso de recursos de uma espécie.

Em seus devidos hábitats, contudo, outros roedores também podem ter um papel – até o momento – negligenciado em relação à polinização. Certamente, um polinizador não tão cativante quanto um beija-flor. Ainda assim, válido.

A pesquisa está disponível no periódico New Zealand Journal of Ecology.

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