Pesquisa mostra que peixes sentem o medo uns dos outros

Letícia Silva Jordão
Imagem: Pexels

Você sabia que os peixes têm empatia? Assim como nós humanos e outros mamíferos, os peixes sabem identificar as emoções dos outros ao seu redor. Mas, um estudo recente, publicado na revista Science, mostrou que os peixes sentem o medo dos outros ao seu redor.

Esse sentimento funciona de forma bem parecida com a empatia humana e nos ajuda a constatar que a empatia pode ter se evoluído bem antes do que os cientistas inicialmente acreditavam.

Mas, no mundo dos peixes, sentir a sensação de medo uns dos outros pode ter ajudado eles a sobreviveram aos perigos que os oceanos possuem. 

Os peixes sentem o medo dos outros devido a um gene específico

O fato dos peixes serem empáticos não é uma grande novidade para a ciência. Muitos tipos de vertebrados, como elefantes e golfinhos, também têm a capacidade de sentir a emoção do outro.

Além disso, os cientistas já sabiam que essa sensação de medo que os peixes sentem um do outro pode ter ajudado eles a sobreviver contra predadores quando vivem em grupo, causando um contágio emocional que deixava todos alerta e prontos para sobreviver.

No entanto, o que não se sabia até agora era a causa para esse sintoma de empatia que eles possuem. Sendo assim, os pesquisadores começaram analisar o estado emocional dos peixes-zebra.

Para isso, eles fizeram testes onde removeram genes relacionados à produção de oxitocina, um hormônio que regula o comportamento social e a empatia em mamíferos.

A partir disso a equipe pôde ver que os peixes que tiveram o gene removido, não reagiam à sensação de medo que outros peixes tinham. Eles só começaram a reagir quando o gene foi novamente adicionado em seu organismo.

Além disso, os pesquisadores também realizaram outros dois testes com o peixe. O primeiro foi mostrar vídeos com outros peixes demonstrando emoções de angústia e outros demonstrando calma. Nesse teste, os peixes com ocitocina se conectam emocionalmente de forma fácil com os vídeos que mostram os peixes angustiados.

Já o segundo teste foi realizado diretamente no cérebro desses peixes. Para isso, os pesquisadores o dissecaram para examiná-los no microscópio. 

Dessa forma, eles acabaram descobrindo que as duas áreas mais relacionadas ao contágio emocional dos peixes que sentem o medo do outro são as mesmas regiões relacionadas à empatia dos cérebros de mamíferos

Ainda há descobertas a fazer nesse campo

A partir do estudo, os pesquisadores puderam concluir que os peixes que sentem o medo, na verdade, se comportam de forma parecida com nós, humanos. Ao analisar o gene e as regiões do cérebro do peixe que eram ativadas, foi possível entender o motivo biológico do comportamento deles.

No entanto, os cientistas não sabem dizer se o contágio emocional sentido pelos peixes ocorre somente com as emoções negativas. Nos testes, sentimentos como medo e angústia eram mais percebidos pelos outros peixes.

Além disso, o estudo não mostrou se os peixes sentem o medo uns dos outros ou se eles só percebem isso e tem uma reação empática com os demais. Mas, de qualquer forma, agora sabemos que os peixes podem ser sencientes e ter uma vida emocional.

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