Uma descoberta surpreendente, descrita na revista Journal of Field Ornithology, agitou o mundo da ornitologia. Um exemplar de pássaro meio fêmea, meio macho foi filmado na Colômbia, um evento raro que aconteceu somente uma vez há mais de cem anos. Trata-se de um saí-verde, uma espécie que habita desde o sul do México até o sul do Brasil.
No entanto, o que diferencia este indivíduo dos demais é a sua coloração inusitada: metade do corpo apresenta o azul vibrante típico dos machos, enquanto a outra metade ostenta o verde característico das fêmeas.
O zoólogo e professor da Universidade de Otago na Nova Zelândia, Hamish Spencer, estava de férias quando um ornitólogo amador, John Murillo, avistou a criatura extremamente rara. Spencer analisou o animal e concluiu que se tratava de um ginandromorfo bilateral—um animal com um lado do corpo macho e o outro fêmea.
Essa particularidade torna o pássaro uma visão quase única, segundo Spencer. “Este pássaro específico foi observado por mais de um ano por John Murillo. Como fenômeno, era quase único”, relatou ele ao portal Newsweek.
![Saí-verde metade fêmea, metade macho registrada por John Murillo.](https://socientifica.com.br/wp-content/uploads/2023/12/image-13.png)
Spencer revelou que nunca havia visto um ginandromorfo bilateral antes, apesar de sua ampla experiência com sais-verdes.
Murillo fez fotografias e um vídeo do pássaro, que Spencer descreveu como potencialmente algumas das melhores gravações já realizadas de um pássaro ginandromórfico selvagem. O vídeo mostra o pássaro pousado sobre um leito de musgo e, ao girar, a diferença entre as penas azuis e verdes é claramente visível dividindo seu corpo.
O fenômeno do ginandromorfismo bilateral, embora raro, é mais frequentemente observado em animais com marcantes diferenças sexuais, como insetos, aranhas e crustáceos. Spencer expressou esperança de que a descoberta “estimule observadores de pássaros em todo o mundo a procurar por avistamentos incomuns, especialmente ginandromorfia”.
Ele explicou que a ocorrência se deve a um erro durante a divisão celular de uma fêmea ao produzir um ovo, seguido pela dupla-fertilização por dois espermatozoides.