Onda de calor no sul e anomalia magnética não têm relação

Lorena Franqueto
Imagem: NOAA/ESA

Desde o início de 2022, o sul da América do Sul vivencia ondas extremas de calor. Para se ter noção, no último domingo (16), Porto Alegre atingiu a marca de 40,3ºC. Num calor ainda mais expressivo, a cidade de Uruguaiana registrou 41,8ºC como temperatura máxima. Diante de tais acontecimentos, uma dúvida pairou na cabeça dos meteorologistas: poderia a Anomalia Magnética do Atlântico Sul estar relacionada à onda de calor?

A Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS) é uma espécie de defasagem na proteção magnética da Terra, principalmente na região sul e sudeste do Brasil, além de se estender para o continente Africano.

Para o estudo da proteção magnética, os especialistas analisam frequentemente o campo magnético, o qual dependente do núcleo superaquecido da Terra e de sua grande profundidade. É esse campo que garante uma proteção contra a radiação cósmica e os ventos solares. Porém, de acordo com recentes estudos, esse campo magnético terrestre perdeu quase 10% de força nos últimos 200 anos.

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Imagem por geralt em Pixabay

Algumas das consequências dessa irregularidade na proteção magnética é a sua influência nos satélites em órbita pelo planeta. Ao passarem por essas regiões, muitas vezes os satélites precisam entrar em stand by para evitar danos no equipamento.

Dessa forma, as agências como a NASA (dos Estados Unidos) e ESA (europeia) monitoram constantemente esse fenômeno. Inclusive, o Brasil lançou ao espaço um nanossatélite, chamado NanosatC-BR2, para investigá-lo melhor.

Alguma evidência da relação da AMAS com a onda de calor?

Não há nenhuma associação entre a anomalia magnética e as ondas de calor enfrentadas durante o início de 2022, de acordo com a metereologista Estael Sias no portal MetSul. Segundo ela, até agora os cientistas não identificaram uma relação de causalidade em tais eventos.

Não é possível estabelecer uma ligação porque inúmeras outras ondas de calor não aconteceram em regiões sob influência da AMAS. Por isso, acredita-se que a onda de calor seja influencia de fenômenos como La Ninã e as grandes secas.

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Imagem: Division of Geomagnetism/DTU Space

Outras ondas de calor pelo mundo

Além do Brasil, a Argentina e o Uruguai também vivenciam dias sequenciais de calor. Em Buenos Aires, por exemplo, a mínima atingiu 30ºC e em uma cidade uruguaia houve o registro de 44ºC.

Na América do Norte, os registros de altas temperaturas aconteceram em junho de 2021. Uma onda de intenso calor registrou 808 mortes no Oeste do Canadá e mais 229 no noroeste dos Estados Unidos. Em Lytton, por exemplo, a marca foi de quase 50ºC. Na Europa não foi muito diferente, foram 48,8ºC na Sicília (Itália) e 50,3ºC em Al Qairawan (Tunísia).

Um especialista da área, Robert Stefanski, se pronunciou sobre os calorões na Europa. Segundo ele, eles “são uma amostra do que está por vir”, graças às mudanças climáticas. Isto é, a frequência e a intensidade das ondas de calor acontecerão ainda mais em todo planeta no futuro breve.

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