O que é a destruição mútua assegurada?

Dominic Albuquerque

Destruição mútua assegurada é um termo interessante – e polêmico – de estratégia militar. Ele se refere a algo bem simples: duas superpotências têm a capacidade de destruírem uma a outra com armas nucleares, independentemente de quem atacar primeiro.

A teoria diz que, sob os termos da destruição mútua assegurada, um ataque nuclear por parte de uma superpotência vai ter, como consequência, um contra-ataque nuclear do seu alvo.

E isso ocorre de maneira basicamente automática, através de sistemas de alerta prévio, mísseis automatizados, bombas nucleares transportadas pelo ar e submarinos escondidos armados com mísseis.

A premissa é simples: “se você me atacar, eu o atacarei de volta”. Isso é o que determina a destruição mútua assegurada, parte da estratégia militar de deterrência, onde um adversário ameaça o outro com represália se ele o atacar primeiro.

Quando começou a destruição mútua assegurada

Depois dos anos 1960, a destruição mútua assegurada se tornou a doutrina nuclear principal da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética.

Até hoje ela é executada pelas forças norte-americanas e russas, e especialistas sugeriram que a MAD (mutual assured destruction, em inglês) é a razão de nações pequenas como Israel terem desenvolvido mísseis nucleares (ainda que esse país seja ambíguo quanto a isso).

Segundo estudo de 2007 na revista Asian Affairs: An American Review, a China, que é a terceira superpotência nuclear, não possui o arsenal necessário para garantir a destruição mútua assegurada. Suas forças militares não têm, até então, o potencial que é preciso para contra-atacar no caso de um país inimigo atacá-la primeiro.

Mas a aniquilação completa do inimigo não é a única razão para essa doutrina. Por exemplo, alguns estados como Coreia do Norte e Irã estão desenvolvendo mísseis nucleares, talvez na esperança de que poderão causar um dano significativo num inimigo antes de serem aniquilados por um contra-ataque nuclear.

Segundo análise do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, isso é uma aplicação parcial da doutrina de destruição mútua assegurada.

A origem do termo

O termo “destruição assegurada” foi usado pela primeira vez na década de 1960, pelo Secretário de Defesa norte-americano da época, Robert McNamara.

Contudo, de acordo com a Britannica, a frase mais longa “destruição mútua assegurada” foi criada por um opositor da doutrina, o analista militar norte-americano Donald Brennan, que argumentou que isso faria pouco em nome dos interesses estadunidenses de defesa a longo prazo.

Ainda que, até então, ninguém tenha testado o conceito, ele parece ter prevenido a guerra entre superpotências desde que as armas nucleares foram criadas, na década de 1940. Todavia, isso também levou ao período da Guerra Fria, onde ambos Estados Unidos e União Soviética gastaram uma imensa quantidade de dinheiro desenvolvendo armas de destruição em massa.

Mas o conceito é mais velho do que o termo. No século XIX, os escritores Wilkie Collins e Jules Vernes especularam que a industrialização da guerra iria tornar os exércitos tão fortes que os países a tê-los ficariam presos num impasse perpétuo.

Após o fim da Guerra Fria, as superpotências deram alguns passos rumo à redução do seu arsenal nuclear. Em 2004, um relatório do Strategic Studies Institute apontou que “o pensamento da Destruição Mútua Assegurada parece estar em declínio”.

Todavia, a Federação de Cientistas Americanos reportou que, no início de 2022, cerca de 12.700 ogivas nucleares estão em posse de nove países: Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte.

Rússia e Estados Unidos possuem quase 4.000 cada. E segundo um estudo científico de 2018 a revista Safety, isso é o suficiente para dizimar quase todos nós.

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