A conquista do fogo é considerada um dos marcos da evolução do Homo sapiens. Muito antes disso, incêndios já influenciavam ecossistemas no planeta há pelo menos 300 milhões de anos, no período Carbonífero. Apesar de ser tão presente na história da vida na Terra, o fogo é muito raro universo afora. Curiosamente, isso tem muito a ver com a própria vida no nosso planeta.
Para a combustão acontecer, é preciso que um combustível — como madeira — entre em contato com um comburente: um material gasoso rico em oxigênio. Apesar de ser o terceiro elemento mais abundante do universo, o oxigênio é pouquíssimo comum em sua forma gasosa, como acontece aqui na atmosfera da Terra.
Aí está, portanto, um dos motivos pelos quais o fogo é muito raro: o oxigênio no planeta é produzido por organismos vivos — majoritariamente algas. Na mesma medida que não sabemos da existência de organismos vivos em outros planetas, atmosferas com oxigênio de origem biológica são igualmente desconhecidas.
Agora pense, por um momento, nos combustíveis que comumente pegam fogo. Carvão, madeira, petróleo, papel. Todos de origem biológica. Ou seja, não só o comburente é produzido por organismos vivos, mas também a grande maioria dos combustíveis.
Por esse motivo, o oxigênio é um dos possíveis indicadores de vida na procura por planetas que abriguem a vida.
As estrelas pegam fogo?
Ok, muito difícil de se encontrar fogo em planetas sem vida. Mas e em estrelas, como o Sol? Elas não estão queimando?
Na verdade, não. O que acontece no sol e nas demais estrelas é a liberação de calor pela fusão nuclear. Quando dois átomos de hidrogênio (os mais abundantes no cosmos) se chocam pela pressão no interior de uma estrela, eles formam um átomo de hélio, mais um nêutron livre, e uma quantidade imensa de energia.
Essa energia, por sua vez, irradia para o universo na forma de luz e calor. Contudo, não há a queima de nenhum combustível nem a ação de nenhum comburente e, portanto, não há a formação de chamas.