Nunca vimos um tubarão-branco dar à luz; saiba o motivo

Felipe Miranda
Imagem: Depositphotos

Ninguém nunca viu nenhum tubarão-branco dar à luz. Os tubarões-brancos (Carcharodon carcharias) são enormes e amedrontadores peixinhos que chegam a até 6 de comprimento e mais de 2 mil quilogramas. É um dos maiores peixes predadores do mundo. Eles estão ameaçados de extinção devido à caça ilegal para venda de carne (se você já comeu cação, comeu algum tubarão), extração do óleo de seu fígado, e para fins medicinais sem embasamento científico algum.

Os tubarões-brancos possuem um cardápio muito amplo, que abrange peixes, focas, golfinhos, tartarugas, aves marinhas, cefalópodes, entre outros diversos animais que podem ser encontrados no oceano. Ou seja, se é carne, ele come. Atingindo grandes velocidades e conseguindo até mesmo saltar com o corpo todo para fora da água, esses tubarões são caçadores exímios.

Habitando desde águas temperadas, até águas tropicais, eles geralmente vivem sozinhos ou em pares — não são animais exatamente sociáveis. No entanto, eles podem ser encontrados em grupos de 10 ou mais indivíduos, mas nunca se juntam em um grupo grande suficiente para podemos chamar de cardumes.

Outro ponto interessante deles é o físico. Eles são capazes de nadar grandes distâncias (grandes mesmo), literalmente transoceânicas — como da África do Sul até a Austrália, uma viagem de quase 10 mil quilômetros, em poucos meses. No meio de uma dessas viagens, um tubarão-branco é capaz de mudar para rajadas de alta velocidade para ir atrás de suas presas.

Obviamente, eles são ótimos caçadores, e perigosíssimos para as suas presas. No entanto, eles não são sanguinárias máquinas de matar, como retratados no filme Tubarão (Steve Spielberg, 1975).

White shark Carcharodon carcharias scavenging on whale carcass journal.pone .0060797.g004 A
Os dentes de um tubarão-branco. (Créditos da imagem: Fallows C, Gallagher AJ, Hammerschlag N (2013)).

Por que nunca vimos um tubarão-branco dar à luz?

Nunca vimos um tubarão-branco dar à luz, mas sabemos um pouco sobre sua gestação. Um tubarão-branco já nasce com 1,5 metros — quase o tamanho médio de um humano adulto. Os ovos do tubarão eclodem dentro do útero de sua mãe. Quando eles saem de sua “casca”, eles consomem os outros ovos — fertilizados ou não para sobreviver. Apenas um deles será concebido. Estima-se que o tempo de gestação deles é de cerca de 12 meses.

Acredita-se que tanto o acasalamento, como o parto desses tubarões ocorrem durante as viagens, no meio do Oceano Pacífico — o maior oceano do planeta. Ali não há nada, em temos de terra firme, apenas muitas minúsculas ilhas. É aí que está o problema. Eles podem navegar por mais de um quilômetro de profundidade através das águas oceânicas. Por isso nunca vimos um tubarão-branco dar à luz.

Eles não são animais muito previsíveis, e com frequência alteram seus movimentos e caminhos pelos quais eles percorrem, tornando-os aleatórios para observadores. Além disso, sua coloração acinzentada faz com que eles consigam se esconder facilmente nas águas profundas dos oceanos. As tentativas dos pesquisadores de rastrear os tubarões-brancos resultam em tímidos resultados.

Além disso, eles não suportam viver em aquários (cativeiro). Os tubarões-brancos cruzam enormes distâncias pelos oceanos e se sentem muito ameaçados em cativeiro — ou se matam, ou morrem por não se alimentar direito e mal se mover. Quando são confinados por muito tempo, passam a ter um comportamento muito estranho à espécie, então, mesmo confinados, não é possível estudar seu comportamento.

Um estudo publicado em 2014 no periódico Marine and Freshwater Research, colocou a expectativa de vida para os animais em 70 anos de idade. Além disso, o mesmo estudo sugere que os machos atingem sua maturidade sexual aos 26 anos e as fêmeas, aos 33 anos de idade — mais tardiamente ainda do que os humanos, que já demoram consideravelmente mais do que a maioria dos animais. As estimativas anteriores a esse estudo, jogavam essa idade lá embaixo — entre 7 e 13 anos para fêmeas e entre 4 e 10 anos para machos.

Leituras recomendadas

Compartilhar