Pesquisadores desvendam mecanismo de rejuvenescimento de embriões

Mateus Marchetto

Todas as células do corpo estão sujeitas a envelhecer, certo? Então como a junção de óvulos e espermatozoides de pessoas adultas (já um tanto envelhecidas) pode gerar um organismo completamente jovem, com células sem o efeito da idade? Foi com essas perguntas em mente que biólogos da Universidade de Medicina de Harvard descobriram um mecanismo de rejuvenescimento em embriões humanos.

Usando machine learning e conhecimentos de epigenética, os pesquisadores puderam identificar um evento de rejuvenescimento do embrião durante a sua formação. Lembrando, a epigenética se refere a todas as moléculas que interagem com o material genético alterando sua função.

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(Imagem de Colin Behrens por Pixabay )

Por meio de certas marcas epigenéticas é possível quantificar o quão envelhecida é uma célula. Assim os pesquisadores observaram que as fases de zigoto e blastocisto (os primeiros estágios do desenvolvimento) possuíam mais marcas de envelhecimento que o embrião posteriormente, sugerindo o citado rejuvenescimento da célula nesse meio-tempo durante o desenvolvimento.

Mesmo em células em culturas de laboratório, que tendem a acumular mais marcas epigenéticas devido à baixa quantidade de oxigênio e outros fatores, as células rejuvenescidas não apresentaram praticamente nenhuma indicação de envelhecimento celular.

Rejuvenescimento mesmo antes de nascer

Essa redução de marcas epigenéticas do envelhecimento de certo ajuda a compreender os como um filhote não nasce já com suas células envelhecidas. Lembrando, marcas epigenéticas não estão dentro do DNA, mas sim se ligam a ele, promovendo ou bloqueando algumas funções. Essas marcas, portanto, não se transferem de pais para filhos, mas sim ativadas por sinalização celular.

Os resultados ainda são bastante preliminares, e pouco se sabe sobre o que realmente causa esse evento de rejuvenescimento após o estágio de blastocisto. Contudo, uma reversão de envelhecimento celular pode eventualmente ajudar no desenvolvimento de doenças relacionadas à idade e mesmo à epigenética de um indivíduo.

O câncer e o Alzheimer, por exemplo, possuem raízes genéticas, mas também estão profundamente relacionados à idade de um indivíduo e também ao seu ambiente. Entender como esse mecanismo funciona, portanto, pode ser essencial para tratar doenças relacionadas ao envelhecimento em sua origem mais profunda, já que o envelhecimento celular tem origem em algum ponto após a implantação do zigoto e antes da embriogênese.

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(Imagem de Gerd Altmann por Pixabay)

No entanto, como dito antes, os resultados são bastante preliminares, e serão necessários mais alguns anos, talvez décadas, para desvendar completamente esse mecanismo de rejuvenescimento.

O artigo está disponível no periódico bioRxiv.

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