Lua tem níveis de radiação 200 vezes mais altos que a Terra

Ruth Rodrigues
Astronauta Buzz Aldrin. (NASA)

Sair do Planeta Terra para explorar o desconhecido lá fora é algo bastante perigo. Mesmo com os avanços da ciência nos últimos anos, o ser humano ainda não está isento de sentir os impactos causados pelos altos níveis de radiação, que estão além da proteção oferecida pela atmosfera e campo magnético da Terra.

A quanto de radiação o corpo humano pode ser exposto?

Em uma novo artigo publicado em Science Advances, especialistas conseguiram quantificar os limites de radiação que os corpos dos astronautas conseguem suportar. Após todos os cálculos serem feitos, os pesquisadores chegaram a um número em miliSievert (unidade que mede a radiação recebida de uma fonte radioativa) muito elevado.

Dessa forma, quando um astronauta chega na superfície da Lua, seu corpo estará exposto, diariamente, a uma quantidade equivalente a 1,3 miliSievert de radiação. Esse número é 2,6 vezes maior em relação aos astronautas e cosmonautas que estão na Estação Espacial Internacional (ISS).

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De acordo com Robert Wimmer-Schweingruber, um dos autores da pesquisa, “os níveis de radiação na Lua são 200 vezes maiores do que na superfície da Terra. E 5 a 10 vezes maiores do que em um voo de Nova York a Frankfurt”. Portanto, ao enviar uma pessoa à Lua, o corpo dela estaria mais suscetível que os passageiros de um voo.

Para a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, o limite recomendável para que um indivíduo fosse exposto a tal nível de radiação em um único dia pode causar sérios danos. Portanto, no período de um ano, estima-se que um cidadão poderá ser exposto, em média, a 1 milliSievert.

Morar na Lua com os altos níveis de radiação é possível?

Para quem necessita trabalhar em contato direto com a fonte radioativa, acabam sendo mais resistentes, e podendo ficar expostos a, no máximo, 50 milliSievert em um ano. No caso de um astronauta, ele chegaria nesse limite permitido pela Agência em um período de 38 dias e 12 horas.

Para medir tais níveis radioativos e o impacto que ele oferece ao ser humano, em especial aos astronautas, os pesquisadores contam com a ajuda da Chang’e 4. O rover faz parte de um experimento chinês que se encontra estacionado do outro lado da Lua. O experimento, chamado de Lunar Lander Neutrons and Dosimetry, é o primeiro a oferecer resultados tão precisos.

níveis de radiação na lua

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Com essas novas informações, os cientistas poderão trabalhar no desenvolvimento de métodos, que sejam capazes de evitar que os astronautas sofram com a radiação, durante uma missão a longo prazo. Uma das sugestões é que, caso seja construído um abrigo na Lua ou em solo marciano, essas barreiras servirão como proteção para os astronautas.

Assim, uma viagem de retorno à Lua pode acontecer sem maiores complicações à saúde humana, mas não sem suas consequências, caso queiramos ficar: os pesquisadores acreditam que o ciclo de vida em solo lunar seja reduzido como consequência à longa exposição.

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