Novas evidências corroboram principal hipótese da formação da Lua

Felipe Miranda
Concepção artística da formação da Lua. (Créditos da imagem NASA/JPL-Caltech).

A formação da Lua é algo que de certo modo ainda permanece um pouco misterioso. Ainda não temos uma teoria para explicar – embora existam hipóteses. Mas, agora, novas evidências contribuem para a principal hipótese da academia.

Acredita-se que a Lua se formou a partir do impacto de outro planeta com a Terra. No sistema solar, haviam diversos outros planetas, mas apenas aqueles mais estáveis sobreviveram. 

Segundo a ‘Hipótese do grande impacto’, um planeta com mais ou menos o tamanho de Marte, chamado de Theia, colidiu com a Terra no princípio do sistema solar. Na época ainda não havia nem mesmo vida por aqui, entretanto – a Terra ainda era um local inóspito.

Naquela época, muitos planetas próximos um do outro se formaram, e suas órbitas coincidiam. Ao se chocar com a Terra, portanto, parte de Theia foi incorporada e pedaços dos dois planetas voaram para o espaço.

Mais tarde, esses detritos na órbita da Terra passaram a se juntar, pela força da gravidade, e em algum momento formaram a Lua. Então sim, a Lua teve um nascimento extremamente violento.

“Há uma enorme diferença entre a composição elementar moderna da Terra e da Lua e queríamos saber por quê”, disse em um comunicado o cientista planetário da NASA Justin Simon. 

“Agora, sabemos que a Lua era muito diferente desde o início, e provavelmente é por causa da teoria do ‘Grande Impacto’”, explica Simon, que é co-autor da pesquisa.

Os cientistas publicaram os resultados em um artigo no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences.

Investigando a formação da Lua

Durante as décadas de 1960 e 1970, os astronautas das missões Apollo trouxeram uma boa quantidade de amostras do solo lunar. Essas amostras existem até os dias de hoje.

Amostra de poeira lunar no Museu Nacional de História Natural dos Estados Unidos.

Na época, os cientistas ainda não possuíam tanta tecnologia quando possuímos hoje. E eles sabiam que isso aconteceria. Portanto, deixaram uma quantidade de material guardada. 

Nas análises, os cientistas perceberam que o solo lunar possui isótopos mais pesados do cloro do que a Terra, que possui isótopos mais leves. Um isótopo é um átomo com mais ou menos nêutrons do que o comum. Em outras palavras, o cloro da Lua possui mais nêutrons em seu núcleo. 

“Muitos estudos lunares anteriores examinaram o cloro dentro de um mineral específico, chamado apatita, mas desenvolvemos uma maneira de medir o cloro em toda a rocha, o que nos dá uma história mais completa”, diz Simon.

Quando os detritos espaciais se distribuíam entre a Terra e a Lua, a Terra acabou roubando quase todo o cloro leve. Isso porque ele é mais responsivo, e mais “fácil de puxar”.

“A perda de cloro da Lua provavelmente aconteceu durante um evento de alta energia e calor, o que aponta para a teoria do Grande Impacto”, explica Tony Gargano, autor principal.

Os cientistas também examinaram outros halogênios – a mesma série química do cloro. Eles perceberam que para todos eles, a concentração dos isótopos mais leves é maior da Terra. Além disso, não há nenhuma outra boa hipótese para explicar essa diferença.

O estudo foi publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences. Com informações de Space.com e NASA.

 

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