Jardins e parques arborizados aumentam a imunidade das crianças

Felipe Miranda
(Créditos da imagem: Pixabay).

Ser criança é um treinamento para mais tarde. A criança aprende como funciona o mundo. Além disso, seu corpo se prepara para o futuro. Por isso, é importante que a criança seja (de modo saudável), exposta ao mundo para que seu corpo crie a imunidade. Mas o aumento da imunidade das crianças responde às características ambientais locais.

Você é aquele pai ou mãe coruja que não deixa o filho brincar na terra? Então você pode estar fazendo mal para seu filho. Um grupo de pesquisadores da Universidade de Helsinki, na Finlândia, resolveu testar as mudanças de imunidade com o local. Eles estudaram, então, 75 crianças entre 3 e 5 anos de idade em 10 creches finlandesas, em um estudo na revista Science Advances.

“Como a incidência de doenças imunomediadas aumentou rapidamente nas sociedades desenvolvidas, há uma necessidade não atendida de novas práticas profiláticas para lutar contra essas doenças”, dizem os pesquisadores no resumo do artigo. “Este estudo é o primeiro ensaio de intervenção humana no qual a biodiversidade ambiental urbana foi manipulada para examinar seus efeitos no microbioma comensal e na imunorregulação em crianças”.

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(Pixabay)

Plantas e a imunidade das crianças

A conclusão do estudo é a de que a simples conversão de parques e espaços infantis sem plantas, para um local mais verde e arborizado ajuda no fortalecimento da imunidade das crianças. 

Após apenas 28 dias brincando no chão de um local florestal, as crianças pequenas já desenvolveram mais bactérias boas nas regiões cutâneas (na pele) e intestinais, além do crescimento na quantidade de proteínas anti-inflamatórias, em comparação ao grupo de crianças que permaneceu brincando em parques de areia e cascalho, o grupo controle.

A principal proteína anti-inflamatória foi a anti-inflamatória IL-10. Ela combate a proteína pró-inflamatória IL-17A, que não possui um local de atuação específico, mas é um regulador se sinais inflamatórios pelo corpo. Isso demonstra, portanto, um estímulo nas vias imunorreguladoras das crianças.

As crianças que permaneceram nos mesmos parques, no entanto, não apresentaram tal melhora.

“Ficamos surpresos que as descobertas foram tão claras, embora não tenhamos recebido tantos participantes quanto esperávamos”, diz em um comunicado Aki Sinkkonen, uma das autoras do estudo. Sinkkonen é pesquisadora na Universidade de Helsinki e do Instituto de Recursos Naturais da Finlândia.

Mas eles não levaram as crianças para a floresta. Levaram a floresta para as crianças, na verdade. Uma empresa especializada em “transplantar pedaços de floresta” transformou, da noite para o dia, o parques da creche em um local cheio de vegetação nativa da Finlândia,  como arbustos e musgos. Além de fazer bem, as crianças adoraram.

“Uma das professoras de creche nos disse que quando as crianças da creche da creche da noite saíam, elas olhavam por um momento e depois corriam para o quintal”, disse Sinkonnen. “Isso nunca tinha acontecido antes”, explica.

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Modelo de parque sem e com arborização. (Marja Rosland/Aki Sinkkonen)

Utilidade para as cidades

Nas cidades há hospitais, mas no sítio há natureza. A melhor forma de lidar com problemas de saúde é através da prevenção. Residentes de cidades possuem menos resistência. Sinkonnen conduziu com um grupo, em 2018, um estudo que descobriu que moradores da cidade possuem uma biodiversidade de microrganismos bons para a imunidade consideravelmente menor do que moradores de área rural.

Portanto, a arborização de parques e praças é útil para a saúde não só das crianças, mas da população geral. Devemos lembrar que as crianças são os futuros adultos, e o foco de prevenção de longo prazo é nelas.

“O Instituto de Recursos Naturais da Finlândia está desenvolvendo técnicas para produzir biodiversidade para ambientes urbanos em maior escala”, explica Sinkonnen. “Além disso, o governo da Finlândia está apoiando economicamente a ecologização de creches com base em descobertas feitas por nós e outros grandes grupos na Finlândia”.

O artigo científico foi publicado no periódico Science Advances. Com informações de IFL Science e American Association for the Advancement of Science.

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