Jardins de Calígula serão abertos para visitas em breve

Felipe Miranda
Esboços de uma das ilustrações que integrarão o museu. (Nadia Shira Cohen / The New York Times).

Cerca de dois meses atrás, relatamos a descoberta do palácio de Calígula, um dos mais famosos imperadores romanos. Desde então, os pesquisadores trabalham na restauração do local, e pretendem abrir os Jardins de Calígula para visitação pública. 

Extremamente polêmico, ainda debate-se se todos os relatos de suas perversões sexuais e de violências são reais ou são exageros feitos propositalmente por motivos políticos, além de aumentos naturais, feitos pelo “efeito telefone sem fio”. Ele de fato pode ter tido uma doença que lhe tornou diferente do que antes. Mas não se sabe se ele tornou-se uma pessoa tão ruim quanto as histórias dizem. Ele foi assassinado ainda jovem, então há muita polêmica em sua hisória.

Calígula foi o terceiro imperador romano, e sucedeu Tibério. Calígula era filho de Germânico que, por sua vez, era filho adotivo de Tibério. Como ligação de sangue, Tibério era tio de Germânico. Germânico foi um grande militar e, como sucessor do trono, um grande político, mas morreu jovem, aos 33 anos. Há, portanto, uma suspeita de assassinato pelo conselheiro de Tibério, o Sejano.

Então, sem um filho vivo para suceder o trono, já que todos morreram antes dele próprio, o cargo ficou para seu neto, Caio Júlio César Augusto Germânico, apelidado de Calígula durante a infância por suas sandálias, como também já relatamos ao falar de seu palácio

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Um busto de Calígula. (Louis le Grand).

O palácio e os jardins de Calígula

Em 2006, então, os arqueólogos começaram a escavar abaixo de um prédio do século XIX que hoje pertence a uma empresa administradora de pensões italiana. E em um momento eles chegaram ao local que só conhecíamos através de registros históricos – o palácio de Calígula. Agora, aquele palácio não era mais apenas um relato, mas algo concreto. 

Os pesquisadores, então, exploraram e estudaram o palácio e os numerosos jardins. Os jardins, conforme apontam as análises, eram extremamente extravagantes. Eles possuíam plantas exóticas, trazidas de locais além da península itálica, além de diversas espécies animais que também não ocorriam naturalmente na região – leões, avestruzes, ursos etc. 

Calígula herdou o grande palácio de Lucius Aelius Lamia, um senador e cônsul romano, que deixou a propriedade em seu testamento para o futuro imperador.

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O cano marca o nome de Claudius, tio e sucessor de Calígula. (Soprintendenza Speciale di Roma).

Visitas

E agora, o Ministério do Patrimônio Cultural, Atividades Culturais e Turismo da Itália trará à público o Museu Nymphaeum da Piazza Vittorio. Não serão expostos todos os jardins de Calígula, mas uma seção para demonstrar ao público um pouco de como era o glamuroso palácio, que possuía inúmeras áreas para imitar paisagens naturais. 

Uma escada de mármore separa os diversos níveis do jardim, há paredes de mosaicos ilustrando as paisagens, mármore utilizado como enfeite em outros âmbitos, além de outros exemplos da mais refinada arte romana. 

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A escada de mármore. (Nadia Shira Cohen / The New York Times).

A própria Enpam, a instituição que administra as pensões e que comprou o prédio há 16 anos, financiou a pesquisa e o projeto de restauração de 3,5 milhões de dólares. Obviamente, a restauração não se iniciou em novembro, quando a descoberta veio a público. Na verdade, as obras iniciaram-se em 2017, 11 anos após o início das escavações.

As autoridades pretendem lançar o museu na próxima primavera do hemisfério norte (outono para nós), que inicia-se em 20 de março de 2021. 

Com informações de Smithsonian Magazine e New York Times

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