Jardins botânicos conseguem diminuir temperatura da cidade em até 5 °C

Leandro da Silva Monteiro
Jardim botânico na China. Imagem: Pixabay

As causas e consequências do aquecimento global vêm sendo observadas por cientistas há décadas. Existe uma enorme preocupação nos seus efeitos nos ecossistemas marinhos, na fauna e, obviamente, no clima global. Portanto, pesquisadores e ativistas estão em constante alerta, avisando os governos ao redor do mundo sobre a necessidade de uma tomada de medidas efetivas para mitigar esses efeitos antes que cheguemos num ponto sem retorno.

Grandes centros urbanos são foco de pesquisa uma vez que a poluição do ar por conta das emissões de fábricas e veículos são um dos principais fatores contribuindo para o aquecimento global. Um estudo recente indica que integrar a natureza nessas áreas metropolitanas com a criação de jardins botânicos pode ser uma estratégia eficaz na diminuição dos efeitos das ondas de calor que têm afetado grandes cidades pelo mundo todo.

Jardins botânicos são espaços projetados dentro de áreas urbanas com o objetivo de conservar e apresentar uma vasta variedade de espécies de plantas. Estão organizadas a partir de critérios botânicos ou geográficos estabelecidos pelas autoridades locais. Os jardins botânicos abrigam grandes diversidades de vegetação e oferecem um ambiente propício à redução do calor graças às sombras que suas plantas criam. Além disso, como a pesquisa indica, esses jardins também são grandes no combate das ondas de calor.

Ondas de calor afetam grandes centros urbanos

Segundo estudo, jardins botânicos conseguem diminuir temperatura da cidade em até 5 °C
Temperaturas tem aumentado em cidades ao redor do mundo. Imagem: Pixabay

Ondas de calor são ocorrências em que a temperatura do ar ultrapassa os limites definidos pelos especialistas por um longo período de dias ou até mesmo semanas. Isso leva a impactos severamente negativos na saúde da população local, trazendo prejuízos para os ecossistemas próximos e até mesmo para a economia.

Tais ondas são uma consequência de múltiplos fatores, como o aumento da densidade urbana, o aumento natural das temperaturas do ar durante o verão e também a intensificação de atividades humanas. Isso leva a uma geração de calor excessivo e também de uma redução do albedo, ou seja, diminuição da refletividade difusa ou poder de reflexão de uma superfície. Assim temos temperaturas mais elevadas nos períodos diurnos, sobretudo no verão, que também leva a noites mais quentes. 

Cientistas já observavam um aumento vertiginoso da ocorrência de ondas de calor, tanto na frequência quanto na intensidade desses episódios, desde meados da década de 50 onde as preocupações com mudanças climáticas ganharam mais força. Numa estatística assustadora, estima-se que de 1998 até 2017 mais de 150 mil pessoas morreram por conta dos efeitos das ondas de calor. Além disso, já imagina-se que essa temperaturas extremas serão parte de todo o século 21, destacando mais uma vez a necessidade de uma ação governamental que mitigue as consequências que o calor trará para a população mundial.

Jardins botânicos ajudam a diminuir a temperatura de cidades

Uma das soluções que cientistas vêm apresentando é a construção de espaços verdes que teoricamente ajudam no resfriamento da cidade. A pesquisa publicada na revista The Innovation indica que, em média, é possível tais espaços, como os jardins botânicos, podem levar a uma redução de até 5 °C da temperatura local.

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de Surrey, na Inglaterra, que realizaram uma meta-análise com 27 mil artigos. A equipe focou nos cinco principais tipos de espaços verdes: jardins botânicos, zonas úmidas, jardins de chuvas, parques urbanos e árvores plantadas ao longo de estradas. Após a análise, os pesquisadores notaram que a temperatura nos centros das cidades que continham jardins botânicos apresentaram queda de 5 °C. Valores próximos foram observados também com as zonas úmidas e jardins de chuva que levaram a quedas de 4,7 °C e 4,5 °C 

Para os pesquisadores ingleses, essas infraestruturas oferecem benefícios de resfriamento e destacam uma imensa importância de integrar a natureza em áreas urbanas que não param de se expandir e aumentar sua densidade populacional. Isso está longe de ser uma solução universal uma vez que é necessário levar em conta o planejamento urbano dessas cidades, logo é preciso pensar em soluções alternativas que possam se adaptar a outros contextos.

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