Itens raros foram descobertos no sótão de uma mansão Tudor

Amanda dos Santos
Mansão Tudor. Imagem: National Trust.

Enquanto a maior parte da Inglaterra estava confinada em meio à pandemia de COVID-19, o arqueólogo Matt Champion trabalhava em Oxburgh Hall, uma mansão Tudor em Norfolk, Inglaterra. O que ele não esperava encontrar no sótão eram mais de 2.000 itens raros que datam do século 15.

Projeto de Restauração

Como parte do projeto de restauração do telhado da mansão, os trabalhadores levantaram as tábuas do sótão da propriedade pela primeira vez, em séculos.

Champion esperava encontrar sujeira, moedas, pedaços de jornais e detritos das rachaduras.

Em vez disso, ele descobriu um verdadeiro tesouro na forma de itens raros.

Essa é uma das descobertas arqueológicas “subterrâneas” mais notáveis já feitas em uma propriedade do National Trust, afirma a organização britânica.

Juntos, são uma rica história social dos ex-residentes da mansão.

Itens raros descobertos na mansão Tudor

Itens raros do século 18

Entre ninhos de ratos, foram descobertos restos de sedas Tudor e georgianas, lãs, couro, veludo, cetim e tecidos bordados, relata Mark Bridge para The Times.

Também foram encontrados fragmentos de música manuscrita e partes de um livro de aproximadamente 450 anos.

Fragmento raro do século 15
O fragmento de um raro manuscrito do século 15 foi descoberto. Foto: National Trust

Recentemente, um construtor encontrou o restante do volume – uma cópia relativamente intacta de 1568 dos Salmos de Kynge do mártir católico John Fisher – em um buraco no sotão.

De acordo com a declaração dada pela equipe, o especialista em manuscritos medievais da Biblioteca da Universidade de Cambridge, James Freeman, colaborou na identificação de um fragmento de pergaminho de 600 anos.

Esse fragmento ainda brilhava com folha de ouro e tinta azul brilhante, com parte do Salmo 39 da Vulgata Latina.

O uso de azul e dourado para as iniciais menores mostra que a produção do livro teria sido muito cara, porque o padrão utilizado era azul e vermelho, segundo Anna Forrest, curadora do National Trust.

Ela acrescenta que, possivelmente, o tamanho pequeno da página demonstra que era parte de um livro de oração portátil, para uso pessoal.

Os pesquisadores também descobriram fragmentos minúsculos que se acredita ser uma edição de 1590 do livro de romance cavalheiresco espanhol Amadis de Gaula.

Até uma caixa de chocolates – datada da Segunda Guerra Mundial – foi encontrada sem doces. A equipe sugere que alguém comeu os chocolates escondido e guardou a caixa depois.

História dos ex-residentes da mansão Tudor

Primeiramente, o nobre britânico Sir Edmund Bedingfeld construiu a mansão em 1482, relata a BBC News.

Todavia, como católicos devotos, os Bedingfelds foram condenados ao ostracismo por sua fé. Especialmente depois que Elizabeth I subiu ao trono em 1558.

Um ano após a ascensão da rainha protestante, Sir Henry Bedingfeld recusou-se a assinar o Ato de Uniformidade. Esse ato proibia a missa católica.

Durante o período elisabetano, muitos clérigos católicos foram presos, torturados e mortos.

Os Bedingfelds se esconderam em uma “toca de sacerdote” secreta em sua casa e participaram de missas secretas. Os itens raros religiosos descobertos no sótão provavelmente foram usados nessas missas ilegais.

Todos esses itens raros se mantiveram conservados porque passaram décadas descansando sob uma poeira espessa e uma camada de gesso, que retirou a umidade do ar e ajudou a preservá-los.

Essa mansão vai revelando os seus segredos gradualmente.

Informações da Smithsonian Magazine.

 

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