Implante cerebral ajuda cegos a enxergarem novamente

Lorena Franqueto
Cientistas desenvolver implante cerebral, o qual permite percepção de letras e formas em pacientes cegos. Imagem por Asociación RUVID disponível em New Atlas.

Há muito tempo, cientistas e médicos sonham em restaurar a visão de pessoas com deficiência visual. Com isso, pesquisadores espanhóis, liderados pelo professor Eduardo Fernández Jover, estudaram um implante cerebral que ajuda cegos a enxergarem novamente.

Anteriormente, os estudos focavam em implantes oculares que permitisse às pessoas cegas a visualização de padrões. Porém, em artigo de 2021, o grupo de cientistas propôs contornar os olhos e focar diretamente no cérebro dos pacientes.

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Imagem por TheDigitalArtist disponível em Pixabay

Como o implante cerebral ajuda cegos “restaurarem” a visão?

Conforme a metodologia do estudo, o experimento consistiu em estimular diretamente uma parte do sistema nervoso central. Tendo isso em vista, a produção das imagens ocorreu diretamente no córtex occipital.

Dessa forma, uma paciente de 57 anos recebeu uma placa tridimensional com 96 eletrodos em seu cérebro. Após o sinal elétrico, o sistema presente no óculos da mulher detectava variações na luz.

Além disso, cabe ressaltar que a mulher é completamente cega, devido dano tóxico na visão, a mais de 16 anos. Ademais, todo o histórico médico da mesma foi coletado previamente e analisado para que melhor condução do experimento.

Por fim, os cientistas avaliaram o potencial desse estímulo no córtex por meio de teste e anotando as características identificadas pela paciente. O esquema a seguir resume os passos do procedimento:

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Imagem por Eduardo Fernández et al disponível no artigo Visual percepts evoked with an Intracortical 96-channel microelectrode array inserted in human occipital cortex.

Em resumo, os cientistas realizaram três etapas. A primeira consistiu no desenvolvimento da matriz com os eletrodos. Na sequência, os pesquisadores conduziram uma pequena cirurgia no córtex occipital direito da paciente. E, por último, a mulher passou por diversos testes.

Dentre esses testes, as principais avaliações realizadas envolveram interpretação de imagens e forma de alguns objetos.

Quais foram os resultados do estudo?

Após a estimulação com os eletrodos no córtex, os achados do estudo foram associados com testes estatísticos confiáveis. Assim, a confiabilidade do estudo aumentou e a paciente comprovadamente identificou algumas letras e reconheceu os objetos.

Felizmente, o implante não afetou outras regiões e funções do cérebro e, conforme os pesquisadores, não foram estimulados os neurônios próximos à matriz de eletrodos.

Cabe ainda ressaltar que a cirurgia não foi permanente, mesmo com a implantação segura na superfície do cérebro. Assim, depois de seis meses, a paciente passou por novo procedimento e o implante foi removido.

Como os achados são muito relevantes na comunidade científica, novos pesquisas deverão acontecer no futuro próximo. Como o estudo aconteceu com apenas uma paciente, agora o foco principal está no recrutamento de novos voluntários para participar dos testes.

Por fim, os novos experimentos envolverão o estímulo de grandes massas de neurônios, através do levantamento de novas hipóteses. Tendo isso em vista, a principal curiosidade agora é a produção de imagens mais complexas, por exemplo.

Conforme os pesquisadores, a estimulação do sistema nervoso central demonstrou eficácia e segurança durante o experimento. Ademais, o implante cerebral ajuda cegos a enxergarem novamente. Ou seja, há grande potencial para restauração funcional da visão.

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