Em 1 de abril de 2009, cientistas anunciaram o nascimento do primeiro — e único — animal extinto já ressuscitado. Em um artigo publicado no Science Direct um grupo de pesquisadores afirmou ter clonado uma cabra montanhesca extinta (Capra pyrenaica pyrenaica).
Íbex-dos-pirinéus, o único animal extinto já ressuscitado
Também conhecidos como bucardos, eles viveram espalhados pelas montanhas dos Pirineus entre Espanha e França. Este animal era perfeitamente adaptado à vida em seu habitat montanhoso e para sobreviver ao frio e à neve extremos do inverno nos Pirinéus.
![O Íbex dos Pirineus é o único animal extinto já ressuscitadoFonte: (Joseph Wolf / Wikimedia Commons)](https://socientifica.com.br/wp-content/uploads/2020/03/o-%C3%BAnico-animal-extinto-j%C3%A1-ressuscitado.png)
Como é o caso de muitos outros animais selvagens, seus números começaram a diminuir na segunda metade do século 20, devido ao crescente interesse dos caçadores em exibi-los como símbolos de suas habilidades de caça ou para mostrar status.
O Íbex-dos-pirineus foi extinto em Janeiro de 2000, quando o último espécime, um filhote chamado Célia Morreu. Mas as células de Célia foram recolhidas e congeladas em nitrogênio líquido.
![O biólogo consultor Juan Seijas (L) e Alberto Fernandez-Arias (R) obtêm amostras de tecido da Celia em 20 de abril de 1999.](https://socientifica.com.br/wp-content/uploads/2020/03/o-%C3%BAnico-animal-extinto-j%C3%A1-ressuscitado-1.jpg)
Em 2003, quatro anos depois, uma equipe de cientistas franceses e espanhóis se reuniu para testemunhar um milagre moderno: Dos 208 embriões implantados pelos pesquisadores, apenas sete fêmeas híbridas espanholas cabra-ibex engravidaram, e apenas uma conseguiu dar á luz.
Sem complicações durante o período de prenha, o filhote nasceu com 2,5 kg, mas morreu dez minutos após seu nascimento devido a problemas respiratórios. Anormalidades são comuns na clonagem — enquanto o DNA de um clone pode ser idêntico ao de seus doadores, o ato de embaralhar o DNA de uma célula para outra pode levar a irregularidades durante o desenvolvimento.
A clonagem do íbex-dos-pirinéus poderia trazer toda uma espécie de volta à vida?
O bezerro bucardo, nascido através da clonagem, foi um evento histórico: a primeira “extinção”, na qual foi possível ressuscitar um animal de uma espécie ou subespécie perdida.
Mesmo se clonagem pudesse produzir animais saudáveis, qualquer plano de recuperação futura para o bucardo estaria repleto de dificuldades – especialmente considerando que o único tecido congelado pertence a uma fêmea solitária. Há também a questão da falta de variedade genética. Então, o fato de eles terem apenas algumas amostras genéticas do bucardo para trabalhar significaria que não haveria diversidade genética na população, como nos grupos consanguíneos.
![Célia, o último íbex dos pirinéus foi empalhada e agora pode ser vista no centro de recepção do Parque Nacional de Ordesa e Monte Perdido, em Aragão.](https://socientifica.com.br/wp-content/uploads/2020/03/%C3%8Dbex-dos-Pirin%C3%A9us.jpg)
Uma outra possibilidade para trazer de volta o bucardo pode ser cruzar um clone saudável do bucardo fêmea com uma subespécie intimamente relacionada – como o íbex espanhol (Capra pyrenaica hispanica) ou o íbex Gredos (Capra pyrenaica victoriae) — e, então, criar seletivamente a prole para melhorar traços típicos do bucardo.