Homem consegue contrair e dilatar pupilas voluntariamente

Mateus Marchetto

Automaticamente, os músculos dos olhos humanos se contraem quando há muita luz e se dilatam quando há pouca, diminuindo ou aumentando as pupilas. Esse movimento é involuntário, como o movimento do intestino durante a digestão e, portanto, é impossível controlá-lo. Bom, pelo menos para a maioria das pessoas.

Acontece que um jovem alemão de 23 anos, aparentemente, consegue controlar este movimento sem recursos externos. Ou seja, tudo indica que ele consegue mover diretamente os dois músculos da pupila. De acordo com o estudo de caso, publicado no periódico International Journal of Psychophysiology, este é provavelmente o primeiro evento do tipo.

Na pesquisa os autores relatam outros casos mais antigos, próximos à virada do século XIX para o XX. Contudo, não há comprovação de que estes pacientes pudessem realmente controlar suas pupilas voluntariamente. Ademais, uma pesquisa de 1993 reforçou a ideia de que isso seria mesmo impossível.

Contudo, há formas indiretas de se movimentar as pupilas. Simplesmente ao pensar na luz do sol, por exemplo, é possível contrair levemente os músculos do olho, enquanto pensar em um quarto escuro pode fazer o oposto. Além disso, imaginar situações de perigo ou fazer cálculos mentais são recursos que causam a dilatação da pupila.

Após realizarem testes comportamentais, medições do olho e mesmo ressonâncias magnéticas os pesquisadores concluíram que não há indícios de que o jovem esteja usando qualquer um destes meios indiretos. Assim, ainda que a evidência não seja definitiva, tudo indica que o rapaz – que recebeu o apelido de D.W no estudo – pode realmente controlar suas pupilas.

Movimento involuntário das pupilas

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Imagem: marioserraf / Pixabay 

Como comentado na introdução, o movimento das pupilas em mamíferos acontece de forma involuntária, assim como diversos outros músculos. Acontece que um setor do nosso sistema nervoso, chamado de parassimpático, controla a grande maioria dos movimentos involuntários.

Os batimentos do coração, contração do diafragma e movimentos de digestão são apenas alguns exemplos dos domínios do sistema parassimpático. Isso existe em nosso corpo provavelmente por motivos de eficiência e conservação de energia.

Nossas pupilas também fazem parte deste domínio, tendo dois músculos controlados pelo sistema parassimpático: o músculo dilatador e o músculo esfíncter. O primeiro, como o nome diz, dilata a pupila e diminui a íris, para absorver mais luz. O segundo faz o movimento oposto.

Assim, de acordo com a pesquisa, o caso de D.W é completamente novo para o campo da oftalmologia. Os pesquisadores estão buscando, inclusive, outras pessoas que eventualmente tenham a mesma habilidade. Nesse caso, é possível entrar em contato com a equipe pelo email [email protected].

O estudo de caso está disponível no periódico International Journal of Psychophysiology.

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