Fóssil de dinossauro desconhecido desenterrado no Saara

Dominic Albuquerque
Reconstrução do ecossistema do oásis Bahariya no deserto do Saara há aproximadamente 98 milhões de anos, demonstrando a diversidade de terópodes de grande porte (dinossauros predadores). O dinossauro recém-descoberto, um abelissaurídeo ainda sem nome (à direita) confronta um Espinossauro (à esquerda, com um peixe na mandíbula) e um Carcadontossauro (centro). No fundo, um conjunto de saurópodes (herbívoros de pescoço longo) toma cuidado com os predadores, enquanto um grupo de pterossauros sobrevoa a área. Imagem: Andrew McAfee/Museu Carnegie de História Natural.

Um dinossauro impressionante foi desenterrado no Saara, e os cientistas dizem que ele se parecia com um buldogue gigante. O terrível carnívoro que perambulava pelo Período Cretáceo tinha 6 metros de altura e pesava três toneladas — tão grande quanto um ônibus. Possivelmente, ele era o principal predador da sua área.

O terópode, ainda sem nome, era um membro dos Abelisauridae, e primo do Tiranossauro rex. Os cientistas desenterraram a vértebra do pescoço do dinossauro de 98 milhões de anos no oásis Bahariya, a 290 km ao sudoeste do Cairo.

Na época do dinossauro, o local teria sido um dos “lugares mais terríveis do planeta”, observou o líder do estudo, Belal Salem, um novo estudante no programa de graduação de ciências biológicas da Universidade de Ohio.

“Como todos esses enormes predadores conseguiram coexistir permanece um mistério, ainda que provavelmente se deva a eles terem comido coisas diferentes, a terem se adaptado a caçarem presas diferentes”, explicou ele numa declaração.

Os pesquisadores descrevem o dinossauro, em um artigo publicado na revista Open Science, como tendo “cara de buldogue”, com dentes pequenos e afiados. Assim como o T. rex, ele tinha braços grossos e grandes garras. Os cientistas acreditam que ele era um predador habilidoso, com uma mordida extremamente poderosa, um olfato apurado e grande velocidade.

“Os Abelisauridae […] estavam entre os dinossauros predadores mais diversos e geograficamente espalhados de grande porte nas massas de terra do sul durante o Período Cretáceo, o último período de tempo da Era dos Dinossauros”, os autores explicaram. “Junto com o Espinossauro e dois outros gigantes terópodes – o Carcarodontossauro e Bahariassauro – o novo fóssil do abelissaurídeo adiciona outra espécie ao quadro de grandes dinossauros predadores que perambulavam pelo que é agora o Saara egípcio há 98 milhões de anos’.

Como era o dinossauro abelissaurídeo?

Os abelissaurídeos eram uma família de predadores que vivia nas regiões do que agora são a América do Sul, Índia e África. Os cientistas acreditam que eles caçavam alguns dos maiores dinossauros da época, inclusive o titanossauro, um herbívoro de 70 toneladas maior do que a baleia-azul.

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Vista anterior da vértebra do pescoço do dinossauro encontrado. Imagem: Universidade de Ohio

A descoberta também demonstra que a via marítima trans saariana, um oceano quente e superficial que cobriu o deserto do Saara no passado, não impediu sua migração.

“O novo dinossauro atesta para uma larga distribuição geográfica de abelissaurídeos pelo norte da África, e para a diversidade extraordinária de dinossauros de grande porte do Egito. Esse conjunto de dinossauros parece ter se estendido através da maior parte, ou por todo o norte da África durante o Cretáceo tardio”, disse Salem.

Múltiplos fósseis de dinossauros terópodes foram encontrados pela Formação Bahariya, como o Spinosaurus aegyptiacus, Carcharodontosaurus saharicus, Bahariasaurs ingens e Deltadromeus agilis.

“Estranhamente, várias dessas formas — o Espinossauro, Carcarodontossauro, Bahariassauro e Deltadromeus — alcançaram um porte excepcionalmente largo — comparadas às do Tiranossauro rex”, disse Salem.

“Embora pertença sem dúvida a um animal de corpo substancialmente menor, o novo abelissaurídeo confirma a presença de um quarto táxon de terópodes de tamanho médio a grande no paleoecossistema da Formação Bahariya”.

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