Fósseis de anchovas gigantes com ‘dente-de-sabre’ são descobertos

Erik Behenck
(Imagem: Joschua Knüppe)

No passado as anchovas costumavam ser um dos terrores dos mares. Aliás, essa descoberta surpreendente foi realizada recentemente, revelando detalhes de fósseis de anchovas gigantes de milhões de anos. Elas mediam até um metro de comprimento, com presas grandes, parecidas com dentes-de-sabre.

Os materiais encontrados são da época do Eoceno, há 55 milhões de anos. Foram localizadas duas espécies, ligadas às anchovas que conhecemos hoje em dia. O que chama atenção é o fato desses animais se alimentarem de forragens, em vez de buscarem a caça de suas presas.

Fósseis de anchovas gigantes podem ter relação com a extinção dos dinossauros

A aparência das duas espécies encontradas pode revelar ligações com evento de extinção no período Cretáceo-Paleogeno, que dizimou os dinossauros não aviários há 66 milhões de anos. Aliás, foram localizados em um região próxima da Bélgica e do Paquistão.

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O primeiro deles é chamado Clupeopsis straeleni, sendo descrito inicialmente em 1946, medindo pouco menos de meio metro de comprimento. O segundo foi escavado em 1977, mas estava escondido em uma coleção de museus.

A equipe fez um estudo mais aprofundado, descobrindo se tratar de uma espécie anteriormente desconhecida. Era um animal com aproximadamente 1 metro de comprimento, que tinha enormes presas, inspirando o seu nome: Monosmilus chureloides. Além disso, tinha uma aparência meio vampiresca.

Por mais que os dois fósseis de anchovas gigantes tenham várias diferenças, no tamanho e nas características físicas, são semelhantes devido as presas. Atualmente as anchovas que conhecemos podem medir de 2cm até 40cm, na idade adulta.

Fósseis de anchovas gigantes
Clupeopsis straeleni. (Capobianco et al., RSOS, 2020)

Espécies foram identificadas em estudo

Uma equipe de paleontologistas da Universidade de Michigan realizou comparações com peixes modernos e identificou que os fósseis pertencem ao gênero de peixes clupeiformes. Assim, pertencem a ordem dos peixes com barbatanas, que inclui além das anchovas os arenques.

Entretanto, boa parte dos clupeiformes, incluindo anchovas, são planktivores. Ou seja, não possuem dentes grandes e afiados ou mandíbulas como as encontradas nos dois fósseis. Então, esse é um indicativo de caça predatória, realizada com um único dente grande, que servia para aprisionar ou espetar suas presas.

Isso leva a crer que depois da extinção do Cretáceo-Paleogeno, diversos nichos ecológicos deixaram de existir. Assim, a vida precisou passar por alterações, incluindo a expansão maciça de peixes com barbatanas. Aliás, existem diversos restos de tubarões encontrados e que viveram no Cretáceo.

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E esse também teria sido um momento de muita competitividade, impedindo que todas as espécies tivessem sucesso. Dessa forma, sabemos que C. straeleni e M. chureloides desapareceram, mas é impossível saber as causas que levaram a isso. Ainda assim, os pesquisadores sugerem que tenha sido devido a presença de predadores rivais.

Essa é mais uma prova de que para sobreviver não adianta ser o mais assustador ou ter os dentes mais agressivos. É preciso estar apto a se adaptar.

O estudo foi publicado na Royal Society Open Science, confira.

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