Fascinantes crânios revestidos de asfalto escavados em Israel datam de 7.000 AEC

Wellington Reis

No deserto da Judéia, no sul de Israel, a caverna de Nahal Hemar se mostrou como um dos locais de escavação mais ricos em artefatos da região. A Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) deu detalhes de um novo estudo que examinou bem de perto alguns dos objetos mais incríveis ​​já recuperados daquele local arqueologicamente fértil, especialmente um conjunto de crânios revestidos de asfalto.

Diversos crânios humanos foram achados na caverna, com a datação do Neolítico ou do Período da Idade da Pedra. A grande surpresa foi que seis desses crânios, datados de 7.000 aC ou antes, foram encontrados cobertos por um revestimento de asfalto. Isso deixou os pesquisadores se questionando que tipo de sistema de crenças metafísicas levou à adoção de tal prática.

Análise de crânios revestidos de asfalto do deserto da Judéia

O deserto da Judéia é o sonho de todo arqueólogo. Suas condições áridas do deserto preservam muito os materiais orgânicos da decomposição por um tempo muito superior do que em locais úmidos. 

Esse fator ajudou a evitar bastante a desintegração total dos crânios revestidos de asfalto, os quais foram facilmente reconhecidos quando foram descobertos durante as escavações que começaram em Nahal Hemar em 1983.

Então, para a finalidade do estudo, três dos seis crânios cobertos de asfalto foram analisados, sendo que todos estavam em excelentes condições. Desse modo, eles puderam examinar detalhadamente os espécimes, permitindo que descobrissem informações valiosas.

“Parece que uma fina camada de asfalto foi esfregada na parte de trás desses crânios”, escreveram os pesquisadores na página do Facebook da Autoridade de Antiguidades de Israel. “Então, o material [foi] enrolado entre as mãos, cordas finas de asfalto foram preparadas e foram aplicadas na primeira camada para criar a aparência de uma malha – talvez até um chapéu.”

Contudo, por que fazer isso? Decorar crânios de indivíduos falecidos possivelmente era uma tradição relacionada ao cumprimento de um culto ancestral, dizem os pesquisadores afiliados ao IAA. 

Os crânios decorados eram de indivíduos queridos, provavelmente patriarcas e matriarcas, os quais eram identificados como os membros fundadores das famílias. Dessa maneira, eles seriam cultuados por gerações como símbolos de profunda conexão com a terra.

Possuir esses crânios pode ter sido uma prova de propriedade da terra de alguém, pois seria uma maneira de provar a propriedade da terra. Esse foi um problema que surgiu no Período Neolítico, quando as populações começaram a aumentar e a competir por terra.

Nahal Hemar e seu incrível tesouro de artefatos valiosos

crânios descobertos
A parte de trás de um dos crânios revestidos de asfalto. (Clara Amit/ IAA )

A caverna de Nahal Hemar foi explorada pela primeira vez em 1983 pelo professor de Harvard Ofer Bar-Yosef e David Alon da Autoridade de Antiguidades de Israel, juntamente com uma equipe de arqueólogos.

Ele foi localizado no deserto do sul da Judéia em um penhasco perto do Mar Morto. Sua caverna começou a chamar a atenção de saqueadores e ladrões de antiguidades naquela época, os quais estavam ansiosos para fazer escavações no local antes que pudessem ser roubados ou danificados.

Compartilhar