Este creme facial de 2.000 anos ainda contém impressões digitais

SoCientífica

Quando os arqueólogos se depararam com uma lata contendo uma pomada desconhecida de 2000 anos de idade, ficaram contentes e insatisfeitos. Não foi descoberta numa casa como se poderia pensar, mas sim perto de um antigo templo romano em Londres.

A localização da sua descoberta inicialmente levou os pesquisadores a acreditar que era uma pomada usada para cura ou rituais. No entanto, uma análise detalhada foi capaz de revelar seus ingredientes – gordura animal, amido e estanho para pigmento – revelando que não era nada mais do que um creme facial romano colorido.

Creme facial
A vasilha romana contendo o creme facial original e b) é uma recriação produzida pela equipe de Evershed. (Imagem: © Nature)

O creme facial romano foi encontrado num pote de estanho ornamentado que tem 6 por 5 centímetros e é de uma qualidade tão elevada que pode ser comparado aos cosméticos produzidos hoje em dia. Quando os arqueólogos abriram o pote, eles quase foram derrubados pelo cheiro tóxico! Lembrete: Verifique sempre a data de validade dos cosméticos!

Este tipo de creme facial teria muito provavelmente pertencido a uma mulher rica, ou possivelmente a uma prostituta do templo. Os templos não eram apenas erguidos e usados pelos soldados, mas estavam sendo utilizados por pessoas de diferentes classes e posições sociais.

O dono deste creme facial era romano ou britânico? Não é possível saber com certeza. Mas sabemos que eles concordaram com Lancôme e decidiram “Acreditar na Beleza” – ou pelo menos a versão romana da beleza.

Creme facial 2
Mulher pintando uma estátua de Priapus. Afresco romano da Casa del Chirurgo em Pompéia. (Domínio Público)

Este achado apóia o fato de que a cultura romana estava florescendo em Londres nesta época e havia um desejo de incorporar todas as coisas romanas. O creme facial romano era tradicionalmente criado com chumbo para criar a tonalidade desejada. O chumbo não estava tão facilmente disponível nas Ilhas Britânicas, mas o estanho estava, e o fabricante deste creme deu-se ao trabalho de recriar um creme facial semelhante com ingredientes locais em vez de simplesmente o importar.

Os romanos valorizavam a pele branca. Assim, foi sugerido que a descoberta do creme facial de cor branca poderia sinalizar que a população de Londres estava assimilando à cultura de Roma de mais maneiras do que apenas na arquitetura.

Devido ao fato de alguém há 2.000 anos ter perdido ou jogado fora o seu creme facial, os arqueólogos e historiadores de hoje tem um caminho para reconsiderar a complexidade da vida na Londres romana.

Um estudo que analisa o conteúdo encontrado no frasco foi publicado na revista Nature, você pode acessá-lo clicando aqui.

Este artigo foi publicado originalmente em Ancient Origins e republicado com permissão. Clique aqui para ler o artigo original.

Compartilhar