A paralisia do sono é um distúrbio do sono REM que ocorre ao adormecer (paralisia hipnagógica) ou ao acordar (paralisia hipnopômpica). A pessoa está consciente e acordada, mas não pode ativar seus músculos. Isto porque o tônus muscular é inibido pela glicina, um neurotransmissor produzido para impedir que um indivíduo reproduza os movimentos que ele ou ela realiza nos sonhos. Enquanto este dispositivo de segurança química normalmente protege contra acidentes noturnos, ele se torna o ponto crucial do problema para as pessoas com paralisia do sono, que se veem impossibilitadas de se mover ou de pedir ajuda.
Esta sensação desagradável é normalmente tornada ainda mais angustiante por alucinações auditivas, visuais ou mesmo sensoriais, bem como por uma sensação de opressão, sufocação ou morte iminente. Muitos pacientes descrevem uma presença na sala, e às vezes um intruso sentado em seu peito, o que os impedem de respirar.
Quem tem paralisia do sono?
A distribuição desta desordem varia muito de acordo com o grupo étnico e também pode ser influenciada por fatores genéticos. No entanto, a paralisia do sono permanece rara em geral, afetando entre 25 e 60% da população mundial, com apenas 0,3-6,2% das pessoas afetadas tendo mais de uma ocorrência da condição.
Ansiedade, eventos estressantes ou falta de sono podem contribuir para sua ocorrência, assim como o uso de certas substâncias (drogas, medicamentos e alguns intensificadores de sabor).
Paralisia do sono na cultura
O sentido do tato está muito frequentemente em destaque nas explicações da paralisia do sono em todo o mundo.
Em certas partes do Brasil, por exemplo, há contos folclóricos de uma criatura com longas unhas que se esconde nos telhados das pessoas durante a noite. A criatura, chamada “Pisadeira,” vem para a casa de uma pessoa e pisa no peite dos que dormem, de acordo com um estudo publicado na revista Frontiers in Psychology.
O estudo relata outros casos: Na Catalunha, Espanha, tem o conto do “Pesanta”, um animal preto, como um cão ou um gato, que invade as casas das pessoas e senta-se em seus peitos enquanto elas estão dormindo, o que torna difícil para respirar e causa pesadelos. Na Terra Nova, Canadá, tem o conto do “Old Hag”, que entra nas casas e senta-se em uma pessoa dormindo. E em um grupo étnico no Vietnã, conta-se que um “espírito pressionador” senta-se no peito dos dormentes e tenta asfixiá-los.
Algumas culturas usam contos de feitiços xamãs ou summoners para explicar a paralisia do sono. Na cultura Inuit, por exemplo, as pessoas falam de xamãs que podem lançar um feitiço quando uma pessoa está dormindo, causando uma experiência chamada “uqumangirniq“, durante o qual uma pessoa não pode se mover, falar ou gritar, e é visitada por um informe ou uma presença sem rosto, de acordo com o estudo.
