Efeito Viuvez: Homens jovens mais vulneráveis a morrer após a perda do cônjuge

SoCientífica
Imagem: Shutterstock
Destaques
  • Um estudo recente publicado na revista PLOS One revela que os homens mais jovens correm um risco maior de morrer dentro de um ano após a perda do cônjuge, o que é chamado de "efeito viuvez"
  • Os homens mais jovens pareciam ser mais afetados pela perda de um cônjuge do que as mulheres, com riscos de mortalidade estendidos por até três anos.
  • Esse efeito pode estar ligado à solidão na velhice, pois afeta as necessidades sociais; no entanto, os gastos com saúde não aumentaram significativamente para os cônjuges enlutados mais jovens.

A perda de um cônjuge é uma das piores experiências que uma pessoa pode enfrentar, com consequências negativas para a saúde que podem se estender por anos. Um estudo publicado na revista PLOS One revela que os homens mais jovens são ainda mais suscetíveis a morrer dentro de um ano após a perda do cônjuge, um fenômeno conhecido como “efeito viuvez”.

Pesquisadores da Dinamarca, Reino Unido e Singapura analisaram dados de quase um milhão de cidadãos dinamarqueses com 65 anos ou mais. Descobriram que quanto mais jovem a pessoa era quando perdia o cônjuge, mais suscetível ela estava a morrer dentro de um ano. No geral, os homens eram 70% mais propensos a morrer no ano seguinte à perda de um cônjuge do que homens da mesma idade que não haviam perdido um cônjuge. Para as mulheres, o risco aumentava em 27%.

O estudo também revelou que os homens mais jovens pareciam ser mais afetados pela perda de um cônjuge do que as mulheres. Entre esses homens mais jovens, o risco aumentado de morte persistia por até três anos após a perda de um cônjuge, em vez do período de um ano observado em grupos de idade mais avançada.

Os pesquisadores sugerem que o risco de mortalidade entre os homens pode estar ligado aos efeitos prejudiciais da solidão na velhice, um dos maiores fatores de risco para a morte precoce. “Os homens tendem a depender muito de suas esposas, em casais heterossexuais, para que suas necessidades sociais sejam atendidas”, diz Dawn Carr, co-diretora do programa de Pesquisa sobre Envelhecimento em Contextos, Saúde e Desigualdades na Universidade Estadual da Flórida.

O estudo também incluiu dados sobre as despesas de saúde das pessoas antes e depois de perder um cônjuge, que os pesquisadores usaram como indicadores de status de saúde e atenção ao cuidado pessoal durante os períodos de cuidado e luto. Descobriram que o risco aumentado de morte entre os cônjuges enlutados mais jovens não vinha acompanhado de um aumento nos gastos com saúde tão frequentemente quanto ocorria com os cônjuges enlutados mais velhos. Isso sugere que o choque, em vez da fragilidade, pode ser o principal perigo para as pessoas mais jovens.

Embora essas descobertas sejam significativas, os especialistas observam que esses padrões não são garantidos para se aplicar a todas as pessoas. A pesquisa continua para entender melhor como a perda pode nos mudar. A principal conclusão deste estudo, segundo Carr, “deve ser um grande alerta. Isso vai além de outros fatores, como a velhice, que esperaríamos que causassem um risco aumentado de morte após a perda de um parceiro”.

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