O dirigível fantasma da Segunda Guerra — o mistério de 80 anos ainda não resolvido

Certo dia, uma simples missão de vigilância durante a Segunda Guerra Mundial se tornou um mistério até hoje sem resolução — o dirigível fantasma.

Felipe Miranda
L-8, o O dirigível fantasma, em queda. Imagem: Arquivo Nacional, Museu Nacional do Ar e do Espaço dos EUA

Seis horas da manhã, 16 de agosto de 1942, Treasure Island – uma ilha artificial construída na Baía de São Francismo para uma exposição e que depois teve uso militar, na Segunda Guerra. Partem de um pequeno aeródromo construído na ilha o tenente Ernest DeWitt Cody e o alferes (uma patente inicial do oficialato da marinha dos EUA, mais ou menos equivalente ao Subtenente, no Brasil) Charles Ellis Adams em um dirigível para uma missão de patrulha.

O tenente Cody formara-se em 1938 na academia naval, mas começou a voar apenas no final de 1941. Adams, por sua vez, já fazia parte da marinha há mais de uma década e havia sido comissionado como oficial há pouco tempo. Ele sobrevivera ao acidente e naufrágio do dirigível USS Macon, que ocorreu em 1935 na Califórnia. Cody possuía 756 horas de voo. Já Adams, era muito mais experiente, com 2.281 horas de voo. Mas apesar da relativa inexperiência, Cody já havia demonstrado sua habilidade com o L-8, quando alguns meses antes, havia feito com sucesso uma difícil manobra em uma importante missão militar.

L-8 antes de se tornar o dirigível fantasma.
O L-8 antes do voo. Imagem: Arquivo Nacional dos EUA

Segunda Guerra Mundial

Em agosto de 1942 Estados Unidos haviam entrado na Segunda Guerra Mundial há poucos meses. A guerra havia começado bem antes, em 1939, mas os Estados Unidos permaneciam fora da guerra, até porque o palco era a Europa e a Ásia, ambos um tanto longe dali. O país só resolveu entrar quando a guerra veio até eles pelo Oceano Pacífico. Os japoneses atacaram a base americana de Pearl Harbor, ocasionando a entrada dos Estados Unidos, que já se preparava para a possível iminência de sua entrada na guerra.

O L-8 havia levantado voo para a realização de uma missão de patrulha. No litoral oeste, banhado pelo Oceano Pacífico, a frota aérea buscava por submarinos japoneses. No litoral leste, banhada pelo Oceano Atlântico, eles buscavam por submarinhos alemães. A ideia era evitar ataques em solo americano.

O mistério do dirigível fantasma

Cinco horas após o voo levantado, o dirigível, cujo nome era L-8, caiu um uma área suburbana de Daly City, ainda na Califórnia. A queda danificou telhados e causou uma queda de energia. Uma equipe de bombeiros correu para tentar apagar as chamas e resgatar os dois oficiais em apuros. No entanto, ao chegar ao local, onde estavam os pilotos? Ernest DeWitt Cody e Charles Ellis Adams não estavam mais no dirigível fantasma.

Rapidamente, antes mesmo de os destroços terem sido retirados, já andava pela mídia o novo apelido do L-8 – o dirigível fantasma, ou The Ghost Blimp, no inglês, língua original do apelido.

Sabe aqueles icônicos dirigíveis da marca de pneus Goodyear? O L-8 havia sido um desses. A marinha dos Estados Unidos recrutou muitos dirigíveis em empresas para a Guerra, para utilizar de todo o material já construído. O dirigível foi adaptado para fins militares e carregava duas bombas de profundidade Mark 17 e uma metralhadora .30 com 300 cartuchos de munição. Tais armas tinham a função de afundar os submarinos encontrados.

Buscas pelos pilotos do dirigível fantasma

A última notícia dos pilotos foi quando eles reportaram pelo rádio uma mancha de óleo na água, indicando a possibilidade de um submarino. Depois, não se sabe do paradeiro deles. Antes do dirigível pousar em Daly City causando os transtornos anteriormente citados, ele havia pousado em uma praia, já sem piloto, mas se ergueu novamente antes da nova queda.

Ao encontrar o submarino, os bombeiros notaram a porta aberta, mas não havia sinais de fogo, ou danos que os obrigassem a pular. Além disso, os paraquedas estavam intactos. A bomba faltante foi mais tarde encontrada em um campo de golfe. A única coisa que realmente faltava eram os coletes salva-vidas dos pilotos.

Hoje, há só boatos. As buscas não tiveram sucessos. A melhor hipótese para o caso do dirigível fantasma é de que eles caíram do dirigível ao tentar consertar algum problema externo.

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