Dente antigo pode ter pertencido a um hominídeo de Denisova, segundo cientistas

Dominic Albuquerque

Um dente molar encontrado no Laos, no sudeste asiático, provavelmente pertenceu a um membro de um grupo existente na Idade da Pedra, o do hominídeo de Denisova, de acordo com pesquisadores.

“Análises da estrutura interna do molar em conjunto com análises paleoproteômicas do esmalte indicam que o dente deriva-se de um indivíduo Homo jovem, provavelmente feminino”, escrevem os pesquisadores no novo estudo publicado na Nature Communications.

O dente, da Caverna 2 Tam Ngu Hao, “muito provavelmente representa um hominídeo de Denisova”, segundo os cientistas.

Os denisovanos são uma espécie humana extinta, descoberta quando uma análise do osso de um dedo de criança, encontrado em 2008 numa caverna siberiana, foi identificado como não pertencente a nenhuma espécie humana conhecida.

Pelo que podemos determinar de acordo com os espécimes encontrados até então, datados de até 200.000 anos atrás,  hominídeo de Denisova compartilha similares genéticas com os neandertais.

Contudo, encontrar esses espécimes tem sido uma tarefa difícil até então, e muito limitada em termos geográficos. Seis dentes fossilizados e fósseis foram descobertos numa mesma caverna siberiana, enquanto a parte de uma mandíbula foi encontrada numa caverna da China.

Então, a descoberta de um potencial dente de um hominídeo de Denisova no Laos – bem ao sul da Sibéria e da China – é algo extremamente empolgante para os pesquisadores.

O dente do hominídeo de Denisova

“O dente da Caverna 2 Tam Ngu Hao no Laos então fornece evidência direta de, muito provavelmente, um indivíduo feminino denisovano, com fauna associada na região continental do sudeste asiático, há 164-131 milhares de anos atrás”, escreveu a equipe no artigo.

“Essa descoberta atesta que essa região foi um hotspot de diversidade ao gênero Homo, com a presença de pelo menos cinco espécies do período Tarentiano ao Chibaniano do Pleistoceno: H. erectus, denisovanos/neandertais, H. floresiensis, H. luzonensis e H. sapiens”.

Como o molar, na época da morte do indivíduo, tinha terminado de se desenvolver, sem sinais de uso, a equipe acredita que o dente pertenci a uma criança com 3.5 a 8.5 anos de idade ao morrer.

Usando o sedimento ao redor do dente, eles o dataram entre 164 a 131 milhares de anos atrás.

Infelizmente, quando se trata de um único dente antigo, não é fácil confirmar se ele pertencia ou não a um hominídeo de Denisova. A equipe não conseguiu testar o DNA do dente devido à idade do espécime, em parte devido às condições tropicais que provavelmente destruíram qualquer rastro de DNA, há milhares de anos atrás.

Mas, analisando as proteínas no dente, assim como sua morfologia, a equipe está certa de que se trata de um denisovano, ainda que ele também pudesse ser de um neandertal.

“As diferenças de neandertais que observamos não impedem que o [dente] TNH2-1 pertença à esse táxon, e o tornaria o fóssil de neandertal mais ao sudeste já encontrado”, escrevem os pesquisadores.

“Contudo, considerando as particularidades morfológicas do TNH2-1 em uníssono, assim como o alto grau de similaridades morfodimensionais com os molares do espécime denisovano da [caverna chinesa de] Xiahe, a hipótese mais parcimoniosa é de que o TNH2-1 pertence ao grupo irmão dos neandertais”.

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