O sonho de viajar para o espaço é desejado por muitos, no entanto, existem sérias consequências para quem deseja realizar. Em uma pesquisa publicada recentemente na Revista Circulation, o astronauta Scott Kelly descobriu que teve a massa do seu coração encolhido em 27%, após passar 340 dias na Estação Espacial Internacional (ISS).
Mesmo parecendo algo totalmente negativo, o professor e autor do estudo Benjamin Levine, da University of Texas Southwestern Medical Center e do Texas Health Presbyterian Dallas, revelou ao New York Times que esse é um reflexo de adaptação. Quando estamos na Terra, a função do coração é bombear o sangue para movê-lo para cima enquanto a gravidade o puxa para baixo. Já estando em órbita, a gravidade deixa de ser um fator primordial, fazendo com que o órgão encolha para outro tamanho.
Somente o coração de um astronauta encolhe?
A pesquisa também fora realizada com um nadador. Benoît Lecomte é um profissional de longa distância e teve massa de seu coração reduzida em 25% enquanto tentava atravessar o Oceano Pacífico.
O percurso demorou 159 dias, onde fora realizado de modo que o Lecomte pudesse nadar e dormir. Apesar de não parecer, o astronauta e o nadador possuem uma semelhança em comum: ambos passavam a maior parte do tempo na horizontal.
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Scott Kelly passou aproximadamente 1 ano em viagem espacial, nos anos de 2015 e 2016. Essa viagem servia como objeto de estudo, para que os impactos pudessem vir a ser avaliados devido a duração que esteve fora. Durante um relato para a National Geographic, Catherine Zuckerman que tais viagens não afetam seu DNA, olhos, microbiota intestinal e suas artérias.
Para evitar que complicações maiores venham a acontecer, os astronautas passam por uma intensa e rigorosa série de exercícios diários, seja na bicicleta ergométrica, esteira e outros treinamentos.
O que acontece quando o coração encolhe?
Pode parecer algo muito negativo para o corpo, afinal, quem quer ir para o espaço e ter o seu coração atrofiado? Ninguém! No entanto, é válido ressaltar que, ao chegar na ISS, os astronautas continuam fazendo exercícios regularmente, para que o órgão possa se adaptar a nova gravidade em que fora colocado.
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Por mais que o órgão bombeador de sangue venha a encolher, atrofiar e ficar menor, nenhum dano mais sério ou irreversível acontece, portanto, tudo está bem. O próximo estudo que já está a caminho, é tentar compreender quais são os efeitos das viagens espaciais nos corações de diversos astronautas que possuam diferentes níveis de aptidão antes de suas missões ISS.
Logo após a sua última missão, o astronauta Scott Kelly se aposentou da NASA, sendo chamado para a realização de pesquisas para o aprimoramento dos futuros membros de tripulações. Atualmente, seu corpo já está recuperado das mudanças provocadas no tempo em que passou fora do Planeta Terra.
Com informações de Smithsonian Magazine.