Um homem de 56 anos precisou fazer uma cirurgia após uma fratura em uma das vértebras. Alguns dias após o procedimento, contudo, o homem foi internado novamente, queixando-se de dores no peito. Acontece que médicos encontraram um pedaço de cimento dentro do coração do paciente.
Toda a situação começou, por conseguinte, com uma lesão em uma vértebra. O homem teve – antes do problema com o cimento – uma lesão espinhal chamada de “fratura de compressão vertebral”. A condição é extremamente dolorosa e pode acontecer por acidentes ou pela ação da osteoporose.
Para corrigir esse problema na espinha, então, o paciente precisou passar por uma vertebroplastia. Essa cirurgia, por sua vez, tem o objetivo de aumentar o espaço entre as vértebras utilizando o polimetilmetacrilato, um tipo de cimento cirúrgico que permite a fixação de estruturas ósseas.
No entanto, em um caso extremamente raro, uma parte do cimento (ainda líquido) vazou da região espinhal e acabou dentro da corrente sanguínea do homem. Após certo tempo, a massa se solidificou no formato de um vaso sanguíneo e formou um espinho de 10 centímetros de comprimento.
Depois de circular pelo corpo do paciente, o espinho chegou ao coração, onde perfurou o átrio direito e parte do pulmão. Quando o homem chegou ao hospital, médicos realizaram diversos exames para descobrir a fonte das dores que surgiram dois dias antes, encontrando o pedaço de cimento.
O paciente passou então por uma cirurgia de emergência para a retirada do artefato de dentro do seu coração. Felizmente a equipe de médicos conseguiu reparar o átrio e os demais tecidos danificados antes de qualquer agravamento.
2% dos casos de vertebroplastia podem ter problemas com o cimento
Como citado antes, o caso deste homem, publicado no periódico The New England Journal Of Medicine, é extremamente raro. Porém não impossível.
Acontece que menos de 2% dos pacientes que passam pela vertebroplastia podem ter algum tipo de complicação posterior. Por esse número, inclusive, o procedimento é considerado seguro, segundo a American Association of Neurological Surgeons.
Contudo, há outros casos em que o cimento utilizado em procedimentos cirúrgicos causa problemas em outras regiões do corpo. Ainda em março 2021, uma mulher de 67 anos de idade passou por um problema parecido, após o cimento de sustentação de pinos de sua coluna vazar para a corrente sanguínea.
Nesse segundo caso, a paciente sofreu de uma embolia cardíaca. Ou seja, o cimento bloqueou certos canais do coração ao invés de perfurar os tecidos, como no caso mais recente. A mulher, contudo, não precisou de intervenção cirúrgica.
De acordo com os médicos responsáveis pelo homem com o espinho de cimento no coração, o paciente se recuperou bem após a cirurgia e, passado um mês, não apresentava mais quaisquer sintomas.
O estudo de caso está disponível no periódico The New England Journal Of Medicine.
