Cientistas sabem onde os próximos grandes terremotos acontecerão, mas não quando

Daniela Marinho
Buscas continuam na Turquia - Foto: Bulent Kilic/AFP

Terremotos são eventos sísmicos que podem causar danos inimagináveis. Nesse contexto, o grande terremoto que acabou afligindo a população da Turquia e da Síria na manhã da segunda-feira [03 de fevereiro] com magnitude de 7,8 da escala Richter matou mais de 19.000 pessoas e destruiu mais de 6.600 prédios na região.

O cenário devastador e caótico reverbera na fala do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o qual disse que foi o pior desastre de seu país em décadas. Agora, os sobreviventes desabrigados estão enfrentando um clima congelante. Desse modo, é possível, baseado no que se sabe sobre esse fenômeno da natureza, prever onde os próximos grandes terremotos vão acontecer, mas é imprevisível quando ocorram.

Entendendo o terremoto na Turquia

A mídia tem vinculado cenas fortes de prédios em ruínas, pessoas desesperadas e todo o drama que a população da Síria e da Turquia têm vivido nas últimas semanas. No entanto, a cada pessoa encontrada abaixo dos escombros, uma fagulha de esperança também resiste.

Embora esse terremoto tenha sido uma catástrofe, a Turquia não é alheia a esses eventos sísmicos. Isso porque duas grandes linhas de falha cruzam o país e provocam choques regularmente. De acordo com o US Geological Survey, a Turquia experimentou mais de 60 terremotos com magnitude superior a 2,5 no último dia. “A região onde ocorreu o terremoto de 6 de fevereiro é sismicamente ativa”, informou o USGS na segunda-feira.

Nesse cenário, terremotos maiores são menos frequentes, mas ainda uma ocorrência regular. Em novembro passado, a Turquia sofreu um terremoto de magnitude 5,9 . Um terremoto de magnitude 7,0 abalou o Mar Egeu entre a Turquia e a Grécia em 2020.

Dito isso, o grande terremoto que atingiu a região, aconteceu porque duas parcelas da crosta terrestre passaram uma pela outra horizontalmente através de uma linha de falha, um fenômeno conhecido como falha transcorrente. As equipes de resgate ainda estão trabalhando desesperadamente nos escombros e no frio congelante, mas, infelizmente, é provável que o número de mortos cresça.

O que causa terremotos

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Quarteirões inteiros destruídos em Kahramanmaras, na Turquia. Foto: OZAN KOSE / AFP

Por se tratar de um fenômeno da natureza, os terremotos são altamente destrutivos, sobretudo quando possuem maior intensidade. Nesse sentido, um terremoto ocorre quando blocos maciços da crosta terrestre se movem repentinamente uns sobre os outros.

Esses blocos, por sua vez, chamados de placas tectônicas, ficam no topo do manto da Terra, uma camada que se comporta como um líquido muito lento ao longo de milhões de anos.

Sendo assim, o que causa terremotos? Na medida em que as placas se movem, a pressão aumenta em seus limites, enquanto o atrito as mantém no lugar. Quando o primeiro domina o último, a terra treme enquanto a energia reprimida se dissipa.

A escala Richter saiu de moda

Muito usada para “medir a intensidade dos terremotos”, a escala Richter, desenvolvida por Charles Richter em 1935 para medir terremotos no sul da Califórnia, não é mais o único método de medição.

Isso porque a escala Richter está, na verdade, medindo a amplitude máxima das ondas sísmicas, tornando-a uma estimativa indireta do próprio terremoto. Então, se um terremoto é como uma pedra jogada em um lago, a escala Richter está medindo a altura da maior onda, não o tamanho da rocha nem a extensão das ondulações.

É possível prever os grandes terremotos?

Usando registros históricos e medições geológicas, os cientistas têm uma boa noção de onde os terremotos podem acontecer, mas quando vão acontecer ainda é impreciso.

Dessa forma, é difícil prever quando ocorrerá um terremoto, pois as forças que os causam ocorrem lentamente em uma vasta área, mas se dispersam rapidamente em uma região estreita. O que é incrível é que as forças acumuladas nos continentes ao longo de milhões de anos podem destruir cidades em poucos minutos.

Vale salientar ainda que alguns terremotos são causados pelo homem por interferências secundárias e também que a mudança climática tem um pequeno efeito sobre essa atividade sísmica.

O Big One é esperado

O grande terremoto ou Big One – pior desastre natural da história da América do Norte, que afetaria 7 milhões de pessoas e abrangeria uma região que abrange 140.000 milhas quadradas – pode atingir uma magnitude entre 8,7 e 9,2 e realmente está indo para os Estados Unidos. Além dele, grandes terremotos também estão reservados para o Japão, Nova Zelândia e outras partes do Anel de Fogo. 

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