O plástico foi uma revolução para as mais variadas indústrias e comércios ao redor do mundo. Contudo, há pouco mais de cem anos, quando os primeiros plásticos surgiram, pouco se sabia dos possíveis impactos ambientais desses polímeros. O problema, por conseguinte, é que o plástico não é biodegradável em condições naturais. Isso causa o acúmulo de lixo plástico nos oceanos e aterros que vemos hoje.
Tentando mudar isso, pesquisadores da Universidade da California – Berkeley acabam de criar um plástico biodegradável. No estudo publicado na Nature no dia 21 de abril, os autores mostram como o material sintetizado se degrada ao longo do tempo. E o melhor, não é preciso muito esforço para que isso aconteça. Basta deixar o material na água a uma temperatura de 40 C° por três dias que o plástico some.
Os pesquisadores ressaltam também que o polímero criado por eles não se degrada a temperaturas normais. Um dos controles passou três meses molhado a temperatura ambiente e não acabou degradado. Assim, os autores indicam que mesmo uma peça de roupa poderia ser viável com esse material, contanto que a temperatura de lavagem não fosse elevada.
Fundamentos de um material biodegradável
Quando um planta morre, por exemplo, rapidamente as bactérias e fungos presentes no solo começam o processo microscópico de degradação. Esses microrganismos quebram as partículas complexas que formam a planta, formando outras moléculas que podem ser reabsorvidas por outros organismos. A matéria orgânica vegetal e animal, assim, é biodegradável.
Contudo, plásticos são materiais altamente sintéticos, que dificultam o trabalho desses microrganismos. Assim, os pesquisadores envolveram o novo plástico com uma fina camada de enzimas chamadas de proteinases K. Essas enzimas se ligam às pontas dos polímeros de PLA (plástico mais comum em embalagens) e vão quebrando as moléculas, formando pequenos ácidos que microrganismos do solo conseguem absorver.
Para manter as enzimas junto ao plástico, ademais, os pesquisadores envolveram os materiais de teste com uma segunda camada fina de um segundo material biodegradável. Essa última parte impede que as enzimas acabem saindo da superfície do plástico, mantendo-o biodegradável.
Ouro benefício adicional importante desse novo polímero é que ele não forma microplásticos. Ou seja, as pequenas moléculas que se formam depois da degradação não são tóxicas e nem causam problemas ao longo da cadeia alimentar.
Dessa forma, os pesquisadores já estudam a produção desse material em larga escala, ampliando também a efetividade para outros polímeros não biodegradáveis que não sejam PLA.
O artigo está disponível no periódico Nature.