Cientista chinês He Jiankui propõe polêmica pesquisa de edição de genes em embriões

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O pesquisador chinês He Jiankui afirmou na Conferência de Edição do Genoma Humano em Hong Kong, no dia 28 de novembro de 2018, ter criado os primeiros bebês editados geneticamente do mundo. Imagem: AP

Em 2018, o cientista chinês He Jiankui enfrentou condenação após criar as primeiras crianças com genes editados. Agora, ele surgiu com uma nova ideia: modificar embriões humanos para combater os problemas do envelhecimento da população.

Jiankui, condenado a três anos de prisão em 2019 por práticas médicas ilegais, voltou à cena no ano passado. Anunciando a abertura de um novo laboratório em Pequim, ele publicou recentemente nas redes sociais uma proposta de pesquisa que descreve planos para editar genes em embriões de camundongos e óvulos fertilizados por humanos. Seu objetivo? Verificar se uma mutação pode proteger contra o Alzheimer.

Foco na doença de Alzheimer

Seu plano envolve usar óvulos fertilizados anormais não adequados para implantação. Em seu documento, Jiankui detalhou como deseja testar se uma mutação confere proteção contra o Alzheimer – um passo que poderia ajudar a lidar com o envelhecimento da população chinesa. “O envelhecimento da população é um desafio socioeconômico importante e exerce pressão sobre nosso sistema médico (…) Atualmente, não há medicamento eficaz para o Alzheimer”, escreveu ele.

Diferentemente dos experimentos anteriores que resultaram em sua prisão, Jiankui afirmou que todas as autorizações governamentais e aprovações éticas seriam buscadas antes do início dos trabalhos.

Críticas da Comunidade Científica

No entanto, a comunidade científica está cética. Não está claro se ele obterá permissão para suas pesquisas na China – especialmente porque as autoridades chinesas tornaram mais rigorosos os regulamentos sobre edição genética depois das polêmicas experiências anteriores de Jiankui. Além disso, muitos especialistas questionam a fundamentação científica da proposta atual.

Cientistas e especialistas em ética médica expressaram sua preocupação com essa nova proposta. Criticam principalmente as implicações éticas de modificar geneticamente embriões para combater uma doença complexa como o Alzheimer – uma doença cuja origem genética clara ainda não foi encontrada.

Violações éticas?

Essa nova proposta atraiu críticas semelhantes às dirigidas ao trabalho anterior do cientista chinês – criticado pela manipulação potencial do DNA humano através das gerações. No início deste ano, mais de 200 acadêmicos chineses condenaram a “atitude e recusa [de Jiankui] em refletir sobre suas ações criminosas”.

Eles também pediram às autoridades reguladoras que investigassem novamente as atitudes do cientista – acusado de violar constantemente a integridade científica e normas éticas. “Os limites éticos não devem ser ultrapassados”, alertaram.

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