Buraco na superfície de Marte revela novos mistérios geológicos

Damares Alves
Imagem: NASA/JPL-Caltech/Universidade Estadual do Arizona

Arsia Mons, uma região em Marte, apresenta um buraco misterioso que despertou o interesse dos cientistas. Esse buraco, capturado pela câmera HiRISE do Mars Reconnaissance Orbiter da NASA, mede alguns metros de diâmetro, embora sua profundidade permaneça desconhecida. Marte, assim como a Terra e a Lua, pode ter vastos tubos de lava subterrâneos, que podem servir de abrigo contra as condições ambientais adversas do planeta. Essas seções colapsadas, ou claraboias, podem servir como entradas para esses espaços subterrâneos ocultos.

A exploração de Marte e o estudo de suas características geológicas são cruciais para futuras missões humanas. A imagem de HiRISE destaca um buraco na área de Arsia Mons, uma antiga região vulcânica em Marte. Essa região, juntamente com outros dois grandes vulcões, forma o grupo Tharsis Montes.

Mars Surface Image
Imagem colorida de Marte da Mars Reconnaissance Orbiter mostra o grupo de três vulcões chamados de Tharsis Montes. Monte Olimpo está a noroeste, e Valles Marineris fica a leste. Arsia Mons é o vulcão mais ao sul dos três. Imagem: NASA/JPL-Caltech/Universidade Estadual do Arizona

Esse amplo platô vulcânico se estende por milhares de quilômetros em Marte e se eleva cerca de 10 km acima da elevação média do planeta. O histórico de atividade vulcânica da área deixou uma marca intrigante, com características como buracos que indicam ações vulcânicas ocultas no passado. Alguns especulam que esses buracos podem ser claraboias desmoronadas, ligando-se a tubos de lava abaixo da superfície.

No entanto, a realidade desses buracos permanece incerta. Uma dessas imagens mostra uma parede lateral iluminada, sugerindo que pode ser um buraco cilíndrico em vez de uma entrada para um sistema subterrâneo maior.

Buracos como o visto no Arsia Mons podem ser comparados às crateras encontradas nos vulcões do Havaí. Essas crateras resultam de colapsos profundos que atingem a superfície, formando uma fossa cercada por paredes íngremes. No Havaí, essas fossas podem variar muito em profundidade e largura — de 6 a 186 metros de profundidade e de 8 a 1140 metros de largura.

A compreensão dos buracos e tubos de lava em Marte está atrasada em relação ao conhecimento de características semelhantes na Lua. Os tubos de lava lunares parecem termicamente estáveis, mantendo temperaturas em torno de 17°C. Imagens de alta resolução mostram pisos repletos de pedregulhos, sugerindo locais potenciais para exploração e habitação futuras.

Mare Tranquillitatis Pit Crater
Cratera da fossa do Mare Tranquillitatis, revelando pedregulhos em um piso liso. O buraco de 100 metros pode fornecer acesso a um tubo de lava lunar. Imagem: NASA/GSFC/Universidade Estadual do Arizona

Para explorar esses buracos extraterrestres, os cientistas estão projetando robôs especializados. Na Lua, os astronautas poderão, um dia, viver em habitats dentro de tubos de lava, protegendo-os das condições extremas do ambiente externo.

Marte representa um desafio intrigante. Apesar da gravidade mais fraca do que a da Terra, que teoricamente deveria suportar tubos maiores, a verificação dessas formações e o acesso a elas exigem missões avançadas. Evidências como os rilles de superfície apontam para a presença dessas características, embora nem todos os rilles possam ter se originado de tubos totalmente intactos.

Entre os vulcões marcianos, o Pavonis Mons apresenta um buraco que está sendo examinado. Nele, há uma indicação de um vazio, sugerindo um tubo de lava que potencialmente ultrapassa os equivalentes da Terra em tamanho. No entanto, a natureza definitiva desses tubos de lava marcianos ainda precisa ser explorada.

Concluindo, embora as evidências morfológicas indiquem a existência de estruturas subterrâneas extensas em Marte, as evidências concretas permanecem indefinidas. É possível que existam abrigos para os astronautas em Marte dentro desses tubos de lava, mas é necessária uma exploração detalhada por meio de missões robóticas antes que qualquer outra afirmação possa ser comprovada.

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