Bocejos humanos também contagiam elefantes

Ruth Rodrigues
(Imagem: Ruuben Suits/Shutterstock)

Um ato involuntário, mas que contagia quem está ao redor. Após um dia cansativo, não importa o local onde o indivíduo esteja, bocejar é uma reação produzida por uma grande parte dos mamíferos. No entanto, os bocejos humanos não contagiam somente outros de sua espécie, mas sim outros animais.

Apesar de ser um acontecimento raro, um bocejo quando repassado de um indivíduo para o outro é possível. Segundo um novo artigo publicado na revista Frontiers in Veterinary Science, foi concluído que o elefante é um dos animais capazes de ser contagiado com o bocejo de um humano.

Instinto ou imitação?

Durante o estudo, foi observado animais em cativeiros. Os pesquisadores notaram que, os elefantes bocejavam logo após visualizarem essa ação feita por algum de seus tratadores. Assim, é inconclusivo afirmar se o ato reproduzido é causado por instinto ou algo mais como senso de empatia.

Antes da realização desse estudo, somente havia sido observado o bocejo contagioso em cães e chimpanzés. Agora, os elefantes também podem ser adicionados à essa lista. Entretanto, os bocejos humanos só contagiam esse gênio gigante, quando ele possui alguma afinidade com a pessoa que está praticando a ação.

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A pesquisa foi idealizada ao acaso, quando Zoë Rossman, da Universidade do Novo México, estudava alguns animais em cativeiro, e se deparou com o elefante bocejando. Assim, o novo estudo teve como objetivo, saber se o ato de o animal bocejar aumentava devido a proximidade com os humanos.

Pensando na relação entre humano-animal, Rossman se juntou a um grupo de resgate de elefantes, a Knysna Elephant Park, que possuem instalação no Sul da África. Dessa forma, a pesquisa foi conduzida pelos tratadores dos elefantes, que já estavam mais afeiçoados aos animais.

Os elefantes e os bocejos humanos: resultado do estudo

Entretanto, as amostras não foram escolhidas de forma aleatória, mas sim, aqueles animais mais próximos aos seus tratadores. Eles foram observados durante o período de duas semanas, enquanto a equipe soltava bocejos reais e encenados, para analisar se os elefantes conseguiam diferenciar.

No total, foram observados 10 elefantes africanos, em um período de 13 noites sucessivas. Durante uma entrevista para o The Times, Rossman revelou que, “os tratadores em Knysna foram hilariantes ao fingir bocejos. Acharam que parecia um pouco ridículo, até que viram o primeiro bocejo e então ficaram loucos”.

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Após os dias de observação, os pesquisadores conseguiram visualizar 9 casos de bocejos, sendo eles, de forma interespecífica. Ou seja, quando um grupo de elefantes estavam reunidos e um deles bocejava, notou-se que os outros animais também repetiam a ação. Dentre os 10 elefantes que estavam sendo analisados, 7 foram colocados direto com os tratadores que bocejavam em determinados períodos.

Entre os sete, apenas 3 foram vistos praticando o ato de bocejar após ter visto o seu tratador o fazer. No entanto, a pesquisa no pôde concluir se a ação dos elefantes era algo mecânico ou por contágio. A hipótese para esse estudo baseia-se na premissa onde os animais são tão inteligentes e sociais, que acabam percebendo que, criando melhor uma afinidade com seus tratadores, serão recompensados.

Para os autores, “este é o primeiro relato de bocejos contagiosos interespecíficos [entre diferentes espécies] de elefantes em resposta a bocejos de humanos familiares”. Portanto, antes de fazer quaisquer confirmações, se faz necessário mais estudos dentro dessa temática.

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