Bactérias mortas por antibióticos emitem ‘aviso’ de perigo às outras

Erik Behenck
Em vermelho as proteínas AcrA e em verde as bactérias E. coli. Imagem: © Universidade do Texas em Austin.

Quando o membro de uma equipe está à beira da morte devido a uma atividade perigosa, é normal que ele avise aos companheiros dos perigos enfrentados. Entretanto, este não é um comportamento apenas humano, já que bactérias mortas por antibióticos conseguem alertar suas vizinhas da situação que também pode lhes atingir.

Os “gritos de morte” não são sons audíveis, mas sim alarmes químicos que elas conseguem transmitir quando estão quase perdendo a vida. Essa ação é conhecida como necrosignação, então elas alertam as bactérias mais próximas sobre a presença de uma ameaça fatal e conseguem salvar muitas parceiras.

Estes avisos se tornam comuns quando elas enfrentam antibióticos. Os gritos são capazes de fornecer tempo suficiente para que muitas passem por mutações e consigam adquirir resistência ao fármaco.

Bactérias mortas por antibióticos podem salvar a colônia que vivem

Existem diversos tipos de bactérias que possuem uma cauda, chamadas flagelos, usadas na locomoção. Inclusive, as bactérias como a Escherichia coli (E. coli) se aglomeram em bilhões de unidades, movendo-se juntas sobre superfícies sólidas, formando um enxame.

Segundo os pesquisadores, “enxames bacterianos são metabolicamente ativos e crescem de forma robusta”. Esse motivo levou a suspeitas de que os enxames poderiam ter seus próprios mecanismos para desenvolver resistência a antibióticos.

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Durante a pesquisa, os responsáveis perceberam que 25% de uma colônia morreu ao entrar em contato com antibióticos. Além disso, as bactérias mortas por antibióticos pareciam proteger as sobreviventes, mas não ficou claro como isso acontecia.

Os enxames de bactérias E. coli foram analisados durante o estudo. Então, os pesquisadores tentaram desvendar a interação das células mortas com os antibióticos.

Bactérias possuem boas estratégias de defesa

Conforme as bactérias recebiam sinais das mortas, conseguiam se afastar. Mas, não são enviados apenas avisos, como também ativam uma espécie de bombardeio contra o antibiótico. Então, o sistema necrosignals ajuda a proteger o enxame e garante resistência contra uma nova aplicação do mesmo antibiótico.

Os pesquisadores identificaram que as grandes população podiam conter bactérias diferentes, uma estratégia evolutiva de sobrevivência. Dessa forma, quando um antibiótico mata membros do enxame, o resto é protegido e se desenvolve.

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“As células mortas estão ajudando a comunidade a sobreviver”, disse o co-autor do estudo Rasika Harshey, professor de biociências moleculares da Universidade do Texas em Austin.

Conforme a pesquisa, quando baixas doses de antibióticos são aplicadas em enxames densos de bactérias, o resultado pode ser complicado. Então, os resultados podem ser interessantes no combate a infecções bacterianas.

A pesquisa foi publicada na Nature. Com informações de Live Science.

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