Uma pesquisa na Inglaterra mostrou que bactérias podem perder suas paredes celulares e mudarem de forma, tornando a ação dos antibióticos ineficiente, já que o formato e a parede celular servem de alvo para muitos antibióticos.
A pesquisa foi publicada na Nature Communications, e abre discussões sobre como tornar os medicamentos mais eficientes em casos de bactérias livres.
“Imagine que a parede celular seja como uma jaqueta colorida para as bactérias. A jaqueta oferece às bactérias um formato regular (por exemplo, de bastonete ou de esfera), além de fortalecimento e proteção, mas também as tornam facilmente visíveis — principalmente para o sistema imunológico humano e para antibióticos, como a penicilina”, disse a principal autora, Katarzyna Mickiewicz da Universidade de Newcastle
“O que vimos é que, na presença de antibióticos, as bactérias são capazes de mudar de forma, indo de um formato altamente regular para um completamente aleatório e com ausência da parede celular. Com isso, elas tiram a jaqueta colorida e a escondem dentro si mesmas.”
“Dessa forma, o corpo não consegue reconhecer facilmente as bactérias, por isso não as ataca — e o mesmo ocorre com antibióticos.”
Debilitadas, porém vivas
Apesar de perderem a parede que as protegem, as bactérias podem continuar vivas em muitos casos, principalmente em hospedeiros que já estejam com algum deficit no sistema imunológico. Em certos casos é possível ainda, que a célula regenere sua parede.
Com tantas variáveis, os médicos acham válido considerar tratamentos combinados de antibióticos. Dessa forma, o primeiro antibiótico atacaria a parede e celular, o outro atacaria as bactérias sem a parede. Apesar de lógico esse tipo de tratamento esbarra num problema futuro porém já previsto, que é o das super-bactérias, bactérias que se tornam resistentes á antibióticos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a resistência a antibióticos é uma das principais ameaças á saúde no futuro.
Difícil identificação
Durante a pesquisa foi notável a dificuldade de se identificar essa células que não possuíam mais sua parede celular. Os métodos tradicionais têm dificuldade de identificar células sem parede celular pois, geralmente, o gel utilizado destrói as bactérias por osmose.
Um novo método teve de ser criado, onde reforçam as bactérias sem a parede celular, dessa forma podem utilizar o gel sem que destruam as bactérias que eram, antes, mais frágeis.
FONTE / Nature Communications