Aves incomuns correm sério risco de extinção, mostra estudo

Mateus Marchetto
Imagem: Reprodução/tambopatalodge.com

A extinção de espécies de aves, causada por atividade humana, pode levar a uma perda catastrófica de características morfológicas nesses animais. De acordo com um novo estudo, publicado no periódico British Ecology Society, aves incomuns em questão de formatos corporais são as mais ameaçadas pela extinção.

Segundo os autores, a extinção de aves mais incomuns, com formatos corporais diferentes, por exemplo, deve causar um dano enorme na variabilidade das aves no planeta. Contudo, os autores ressaltam que pode haver variações regionais para o risco de extinção de cada espécie.

Para chegar a essa conclusão, os autores analisaram dados de 99% de todas as espécies de aves viventes: 9.943 espécies! Com dados de museus e coletas de animais vivos, os autores cruzaram informações com as espécies de aves de acordo com a Lista Vermelha de espécies ameaçadas da IUCN.

Com dados tão massivos, os resultados são bastante fortes estatisticamente. Assim, as aves com maior risco de extinção são aquelas que apresentam características diferenciais da maioria das outras aves. Bicos maiores ou em formatos incomuns, asas compridas e massa corporal elevada são alguns dos parâmetros que caracterizam as aves mais ameaçadas.

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Imagem: Manfred Richter via Pixabay 

O estudo descobre, portanto, que estas aves estão mais ameaçadas de acordo com a IUCN. Entretanto, a pesquisa não desvendou o motivo disso acontecer – o que deve ser pauta para pesquisas futuras.

Curiosamente, aves de maior porte são também as que apresentam maior variação morfológica.

“Nós achamos muitos interessante que, em geral, aves maiores eram também mais únicas em formato. Pense nos pequenos pássaros canoros, eles têm formas similares. Agora compare isso com a diferença em forma de um avestruz e uma águia. Há algo sobre grandes tamanhos que é relacionado a formatos únicos. Isso é um quebra-cabeça evolutivo interessante.” diz o autor Jarome Ali ao TreeHugger.

Por que a falta de aves incomuns é um problema?

A variabilidade é uma característica essencial da evolução. Isso porque variações nos formatos dos bicos, por exemplo, podem permitir que espécies aparentadas se especializem em fontes de alimento diferentes. Isso altera a dinâmica ecológica e gera nichos diferentes.

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Imagem: Nicky via Pixabay 

Ao longo de milhões de anos, a variabilidade tende a aumentar, o que gera uma biodiversidade maior. Contudo, atividades humanas têm acelerado drasticamente a extinção de espécies em até 100 vezes mais do que seria esperado sem a nossa interferência.

Essa taxa de extinção acelerada diminui a biodiversidade em curtos períodos de tempo, o que torna grupos inteiros de animais muito mais suscetíveis a variações ambientais no ecossistema. Grosso modo, a espécie humana está diminuindo a resiliência das aves do planeta em relação à mudança climática.

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