Arqueólogos descobrem geoglifo em forma de gato no Peru

Felipe Miranda
(Johny Isla / Ministerio de Cultura)
Índice de Conteúdo

Os geoglifos são algumas das obras humanas mais misteriosas existentes. Pouco se sabe sobre eles – e isso levanta teorias conspiratórias nada baseadas na realidade. Um geoglifo em forma de gato é a mais nova descoberta no Peru. O novo desenho também faz parte das linhas de Nazca, e foi construído entre 200 e 100 anos AEC.

O geoglifo em forma de gato possivelmente corresponde ao período Paracas tardio, cultura que antecedeu a Nazca. Os arqueólogos chegaram a essa conclusão pelo desenho do gato, que está de perfil e com a cabeça virada para o observador, o estilo padrão de desenho desse povo, além do fato de que eles adoravam representar felinos em cerâmicas, desenhos e arte no geral.

Feliz acidente

A descoberta foi, no entanto,, um acidente. O Ministério da Cultura do Peru apoia o ‘Plan de Gestión Nasca-Palpa’. Entre as missões do plano, os arqueólogos reformavam um mirante natural, localizado na região. Então, eles avistaram nas encostas de uma colina o geoglifo em formato de um felino, nunca antes registrado oficialmente por ninguém. 

“A figura mal era visível e estava prestes a desaparecer devido à sua localização em uma encosta bastante íngreme e aos efeitos da erosão natural”, diz uma nota de imprensa do Ministério da Cultura do Peru. “Na última semana foi efetuada a limpeza e conservação do geoglifo, que apresenta a figura de um felino representado com o corpo de perfil e a cabeça à frente, cujas linhas eram, na sua maioria, bem definidas por uma linha de largura variável entre 30 e 40 cm”.

1440x810 cmsv2 03a5f589 3c12 5f1e a575 8c8e7a6bcdaa 5066172
(Ministério de Cultura del Peru)

A baixa visibilidade do geoglifo em forma de gato explica, então, o motivo pelo qual tanto tempo se passou até que alguém notasse a presença das linhas. O intemperismo, isto é, a ação do tempo, principalmente pelo fato de estar em uma colina, some com as linhas através da erosão.

“Desde o Ministério da Cultura percebemos que o acesso ao mirante, de fato, passava por um geoglifo, e pensamos em alterá-lo [o caminho], já que não é possível que o acesso fosse promovido degradando o patrimônio” diz o arqueólogo Jhonny Isla à Radiotelevisión Española. “Outra questão é que a subida foi complicada e queríamos facilitar uma passagem mais segura… E nesse processo, percebemos que havia vestígios naquela encosta que não eram de forma alguma naturais”, diz.

Os geoglifos

Justamente pela erosão, os geoglifos que vemos hoje não passaram todos esses anos sem manutenção. Embora os traçados originais permaneçam, ao ponto de ser possível até mesmo datá-los, ainda é difícil enxergar, falando em termos de turismo. De tempos em tempos, então, é necessária a remarcação.

L%C3%ADneas de Nazca%2C Nazca%2C Per%C3%BA%2C 2015 07 29%2C DD 59
(Diego Delso)

Embora sejam de fato impressionantes, é um exagero dizer que trata-se de uma obra alienígena. Os geoglifos são facilmente moldados a partir do solo – com muito trabalho é claro. Uma evidência de que não é necessário voar para se enxergar o desenho como um todo, é o fato de que fotografaram esse desenho a partir do solo.  

Os geoglifos estão, desde 1994, na lista dos Patrimônios Mundiais da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que englobam inúmeras construções antigas por todo o mundo, com o intuito de protegê-las.

Os arqueólogos identificaram de 80 a 100 novos geoglifos somente nos últimos anos. Esses objetos, pertencentes a uma tradição anterior à Nazca, são mais antigos e por isso estão apagados. O grupo de geoglifos a qual o gato pertence está, em sua maioria, nas colinas.

Dentre fins simbólicos e religiosos, até mesmo orientação para esquemas de irrigação, ainda se debate a finalidade dos grandes e numerosos desenhos que se estendem por mais de 75 mil hectares. Mas sabemos que foram obras humanas.

Com informações de Ancient Origins, Live Science e Ministerio de Cultura del Peru.

Compartilhar