Ann Hodges, a única pessoa da história diretamente atingida por um meteorito

Felipe Miranda
(University Of Alabama Museums).

Dia 30 de novembro de 1954, Sylacauga, Alabama, Estados Unidos. Inesperadamente, Ann Hodges, 34 anos de idade torna-se a primeira e única pessoa atingida por um meteorito. O objeto, com quatro quilos e em alta velocidade, quebrou o teto de sua casa enquanto cochilava. O meteorito bateu em um rádio e, então, a atingiu no quadril. Acredita-se de o cobertor que a utilizou salvou sua vida. 

Uma disputa legal pela posse do meteorito minou a saúde mental de Hodges. Ela se separou de seu marido e morreu 18 anos depois por insuficiência renal.

O meteoroide (que se tornou um meteoro ao atingir a atmosfera e meteorito ao atingir o solo) partiu, provavelmente, do asteroide 1685 Toro. O meteorito, que levou o nome de Hodges, localiza-se hoje no Museu da Universidade do Alabama. Trata-se de um meteorito do tipo condrito, um meteorito rochoso e composto por ferro e níquel. Ele possui 4,5 bilhões de anos, e formou-se logo no início da formação do sistema solar, assim como os outros asteroides

Talvez isso  já tenha ocorrido com alguém anteriormente, mas não há relatos ou documentos. Portanto, Hodges tornou-se a primeira pessoas documentada atingida pelo meteorito. Outros casos são como Chelyabinsk, na Rússia, onde uma explosão de meteoro causou um dano milionário e feril indiretamente 1200 pessoas.

Veja a marca na foto abaixo. Isso deve ter doído muito. 

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(Jay Leviton, Time & Life Pictures).

Azar para Ann Hodges

Vamos pensar como alguém da época. Lembremos, portanto, que em 1954 a Guerra Fria estava a mil. A Corrida Espacial estava no início e, então, as histórias de alienígenas em ficções científicas e outros meios da cultura pop tomou conta do mundo. Nos Estados Unidos, todos tinham horror do comunismo e da União Soviética, justamente pelo propaganda contrária que um fazia do outro. 

Além disso, havia a corrida armamentista. Estados Unidos e União Soviética brigavam para ver quem fazia as armas mais destrutivas, principalmente bombas nucleares. A qualquer momento um espião comunista brotaria do chão, pensavam os patriotas mais fervorosos.  Ao ver o clarão, muitas pessoas ligaram para emergência. Muitos devem ter pensado ser obra dos comunistas, imagino. Mas muitos relatos diziam ser um acidente de avião. 

Ao ouvir o grito de dor (e de susto, imagino), a mãe de Hodges, que estava na casa, correu a ajudar. Naquele momento, nenhuma das duas entenderam o que ocorreu. Havia um buraco no teto, um rádio atingido, sua dor e uma ernome pedra caída no chão.

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(Jay Leviton / The LIFE Images Collection).

“Tudo o que ela sabia é que algo a atingira. “Elas encontraram o meteorito, esta grande rocha, e não conseguiram descobrir como ele foi parar lá”, diz ao Insider Mary Beth Prondzinski, gerente de coleções do Museu de História Natural do Alabama.

Meteoros explodem no ar, não caem inteiros. Portanto, a alguns quilômetros dali, o fazendeiro Julius Kempis McKinney encontrou outro meteorito e o vendeu por uma boa quantidade de dinheiro. Com o dinheiro McKinney comprou (pasmem!) uma casa e um carro. 

Quais as chances?

Qual as chances de ser tão azarado quanto Ann Hodges? Um físico já calculou as probabilidades, com base nesse e em outros casos parecidos. As chances de você morrer, nos Estados Unidos, por um impacto de meteoro regional é de 1 para 1,6 milhões. É uma chance baixa, mas considerável – muito maior, por exemplo, do que as chances de morrer por ataque de tubarão (1 em 8.000.000) e mais de cem vezes maior do que as chances de ganhar no PowerBall, a principal loteria dos Estados Unidos (1 em 195.249.054). 

Uma chance ainda maior é a de você morrer por um impacto global de um cometa ou asteroide (1 em 75.000). É uma probabilidade parecida, por exemplo, do que uma morte por tornado (1 em 60.000). São chances consideravelmente grandes. Para se ter ideia, as chances de morrer por um impacto global de asteroide é quase o dobro do que as chances de se morrer um terremoto nos Estados Unidos, conforme os cálculos do Prof. Stephen A. Nelson, na Tulane University. 

Com informações de Smithsonian Magazine, Insider e NELSON, Stephen. 

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