Algas simbióticas ganham novo gênero 140 anos após descoberta

Mateus Marchetto
Após mais de cem anos, pesquisadores reiniciaram os estudos sobre estas curiosas algas amarelas. Imagem: MATTHEW R. NITSCHKE

Sir Patrick Geddes foi um biólogo escocês, que mudou de profissão e trabalhou com urbanismo no fim do século XIX. Todavia, Geddes não virou um urbanista importante sem antes deixar uma herança importante para a biologia: conhecimento sobre algas.

À época, mal se sabia de fato o que as algas realmente eram. Ainda assim, Geddes foi o primeiro cientista a observar que elas eram células distintas daquelas dos animais onde eram encontradas. Isso porque as algas podem ser unicelulares e viver dentro de outros organismos, como esponjas e anêmonas.

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Imagem: Lafayette/Wikipedia

Assim, Sir Geddes percebeu que as “células amarelas” encontradas em animais marinhos na verdade eram um grupo distinto de organismos. Além do mais, esses microrganismos são essenciais para os seus hospedeiros, assim como a microbiota intestinal é para os humanos, por exemplo.

Acontece que um grupo de pesquisadores acaba de reacender a curiosidade sobre este grupo específico de algas estudado por Geddes. Os pesquisadores, portanto, acabam de classificar duas novas espécies de algas dentro de um gênero novo: Philozoon – que na verdade já fora proposto por Geddes.

Características de algas e o novo gênero

A imagem clássica de uma alga vem de estruturas verdes, parecidas com plantas, em ambientes aquáticos. No entanto, as algas são bastante diferente das plantas, e fazem parte do Reino Protistas, junto aos protozoários. A grande parte das algas, por conseguinte, é unicelular, assim como as “células amarelas” de Geddes.

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Imagem: Nichole Bohner/Pixabay 

O amarelo, inclusive, vem da fotossíntese. Acontece que as algas são fotossintetizantes e dependem de pigmentos (clorofila e semelhantes) para tanto.

Desta maneira as algas vivem de forma simbiótica com organismos aquáticos como os poríferos e cnidários. Ou seja, a alga fornece parte dos nutrientes da fotossíntese, enquanto o animal fornece proteção e abrigo físico (seu próprio corpo).

Por causa disso, aliás, muitos corais embranquecem devido à acidificação dos mares. Estes microrganismos por vezes são bastante sensíveis às variações do ambiente e acabam morrendo com uma maior acidez. Os corais perdem então sua fonte de nutrientes e acabam perecendo por consequência, deixando seu esqueleto para trás.

Para juntar o novo gênero, então, os pesquisadores realizaram análises genéticas dos cloroplastos das algas. Além do mais, os microrganismos passaram por comparações morfológicas e metabólicas. Isso permitiu agrupar o gênero Philozoon em seis espécies já conhecidas e duas novas descritas na pesquisa.

O artigo está disponível no periódico Taylor&Francis online.

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