Alcoólatras têm melhora cognitiva em 18 dias de abstinência

Mateus Marchetto
Imagem: Michal Jarmoluk por Pixabay

O uso contínuo e prolongado do álcool tem diversos efeitos negativos sobre o cérebro. A perda de memória, por exemplo, é um dos efeitos cognitivos que se intensifica pela ação do álcool. Contudo, após 18 dias de abstinência, alcoólatras mostraram uma melhora cognitiva significativa em uma nova pesquisa, publicada no periódico Alcohol and Alcoholism.

A equipe de pesquisadores acompanhou 32 pessoas com dependência severa do álcool, ao longo de 18 dias, em comparação a um grupo controle de outras 32 pessoas saudáveis e sem histórico de dependência. Após 8 e 18 dias, os participantes passaram por uma avaliação cognitiva chamada de Brief Evaluation of Alcohol-Related Neuropsychological Impairment (BEARNI).

Os resultados da pesquisa mostraram que 60% dos participantes alcoólatras tinham danos cognitivos causados pelo álcool após 8 dias de acompanhamento. Destes participantes, 63% mostraram melhora cognitiva a níveis normais após os 18 dias de acompanhamento.

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Imagem: Wolfgang Claussen/Pixabay 

“Cuidadores devem levar em consideração os prejuízos neuropsicológicos antes de 18 dias de abstinência, considerando que danos cognitivos são ligados ao resultado do tratamento do vício. Dezoito dias após a parada do álcool podem representar um ponto temporal crítico para iniciar psicoterapias, tal qual a terapia cognitiva comportamental, que exige funcionamento cognitivo intacto para ser efetiva,” afirmam os autores na publicação.

Melhora nos testes cognitivos de alcoólatras

A avaliação neuropsicológica leva em consideração parâmetros como: memória episódica, memória de trabalho verbal, funções executiva e habilidades visuais-espaciais.

Após 18 dias, pacientes mostraram recuperação de 60% na memória de trabalho e 63% na memória episódica. 67% dos pacientes que apresentaram prejuízo nas habilidades visuais-espaciais tiveram uma recuperação completa após os 18 dias.

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Imagem: Republica/Pixabay 

Apesar dos resultados serem significativos, o estudo conta com um número de pessoas bastante limitado estatisticamente. Além do mais, a pesquisa não leva em consideração a combinação do uso do álcool com outras substâncias, como a nicotina.

“Estudos adicionais avaliando melhoras cognitivas durante a abstinência, e especialmente mais cedo na abstinência, são necessários,” afirmam os autores. “Mais estudos deveriam também avaliar o começo de déficits em cognição social, viés atencional e inibição em pacientes com alcoolismo cedo na abstinência, dado o impacto clínico disso.”

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