Abelhas não são capazes de sentir gosto dos pesticidas no néctar

Elisson Amboni
Imagem: Shutterstock

Pesquisadores da Universidade de Oxford descobriram que as abelhas são incapazes de distinguir entre o néctar que contém pesticidas e o néctar que não contém, com base apenas no sabor. Essa descoberta tem implicações significativas para a exposição das abelhas a substâncias nocivas em seu ambiente.

O estudo, publicado recentemente na revista eLife, envolveu dois experimentos com o objetivo de compreender como as abelhas reagem ao sabor dos pesticidas.

O primeiro experimento utilizou a eletrofisiologia para monitorar a resposta dos neurônios nas sensilas gustativas das peças bucais das abelhas. Ao contrário do que se poderia esperar, os neurônios apresentaram níveis de atividade semelhantes, quer as abelhas consumissem uma solução açucarada segura ou uma solução com pesticidas.

A Dra. Rachel Parkinson, pesquisadora do Bee Lab da Universidade de Oxford e principal autora do estudo, explicou a importância dessas descobertas. “Como as abelhas não conseguem sentir o gosto dos pesticidas e não sofrem consequências negativas imediatas ao ingeri-los, elas provavelmente não conseguiriam evitar o consumo de néctar contaminado com pesticidas no campo”, afirmou.

Em outro experimento, as abelhas tiveram a opção de se alimentar tanto de soluções sem pesticidas quanto de soluções com pesticidas. Os resultados foram alarmantes: as abelhas consumiram quantidades iguais de ambas as soluções, mesmo quando a solução com pesticidas estava em concentrações altas o suficiente para causar-lhes doenças graves.

A incapacidade das abelhas de sentir o gosto e, portanto, de evitar pesticidas representa um risco significativo para sua saúde e a saúde de suas colônias. Essa pesquisa esclarece os desafios enfrentados pelas abelhas em áreas agrícolas e os possíveis perigos do uso de pesticidas nas plantações.

Parkinson sugere que as descobertas do estudo podem levar ao desenvolvimento de um composto não tóxico que tenha um gosto ruim para as abelhas, agindo como uma barreira em plantações que não exigem polinização por insetos. Essa inovação poderia ajudar a proteger as abelhas do consumo inadvertido de pesticidas nocivos.

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