A solidão é um sinal para mostrar que algo está errado

Matheus Gouveia
(Imagem de Jose Antonio Alba do Pixabay)

De acordo com novo estudo, a solidão e o nosso desejo por interação social provocam uma resposta neurológica semelhante à resposta de uma pessoa faminta. O artigo foi publicado na revista Nature Neuroscience.

Cérebro responde de forma similar à fome e à solidão

Na pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, a equipe de pesquisadores colocou um grupo de teste de 40 pessoas em jejum por dez horas. No final do dia, os indivíduos famintos tiveram que observar imagens de comida, como pizza e bolo, enquanto os pesquisadores faziam varredura cerebral nos voluntários.

Em seguida, as mesmas pessoas ficaram privadas de contato social (pessoal ou virtual) por dez horas. Após o tempo de jejum, fizeram novamente o exame nos cérebros dos participantes, enquanto estes observavam imagens de pessoas se reunindo e interagindo.

As varreduras revelaram, então, que a mesma parte dos cérebros se estimulou nos dois casos, em resposta às imagens de comida e às imagens de reuniões sociais. A área estimulada é a responsável por produzir dopamina, substância química associada ao prazer e à recompensa.

O estudo mostra, portanto, que a solidão é um sinal, assim como a fome, para mostrar que algo está errado. Afinal, a interação social não é apenas agradável, reconfortante e divertida, mas uma necessidade humana.

E o isolamento social durante a pandemia?

O comportamento social também é muito comum nos animais, como as abelhas, as formigas, os golfinhos e as espécies mais próximas à humana, como o chimpanzé. A socialização está, portanto, no nosso DNA e é uma necessidade biológica.

No contexto atual de pandemia do COVID-19, o assunto se torna mais relevante. O isolamento social fez com que várias pessoas cumprissem um isolamento social rigoroso, algo que está trazendo complicações psicológicas para muitos.

Pesquisas sobre a percepção do isolamento social mostraram que o convívio social foi o aspecto mais afetado entre pessoas com maior escolaridade e renda. Já para pessoas de baixas renda e escolaridade, problemas financeiros provocaram maior impacto.

A realização de atividades físicas, de acordo com estudos, pode aliviar os sintomas consequentes do isolamento, como estresse, e melhorar a qualidade do sono nessa situação.

No estudo, um dia sozinho já provocou resposta forte nos cérebros dos participantes, o que mostra que nossos cérebros são muito sensíveis à experiência da solidão.

O estudo científico foi publicado no periódico Nature.

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