A obra-prima perdida de Leonardo da Vinci existe?

Amanda dos Santos
Esboço de Peter Paul Rubens de "A Batalha de Anghiari, ano de1603 (Imagem: Wikimedia Commons)

Os historiadores debatem a um longo tempo qual teria sido o destino de “A Batalha de Anghiari”, obra do Leonardo da Vinci que estaria escondida.

A tradição popular divulga que o trabalho do início do século 16 está atrás de uma parede no Palazzo Vecchio de Florença. Mas relatos da Agenzia Nazionale Stampa Associata (ANSA), um grupo de estudiosos proeminentes, recentemente lançou dúvidas sobre essa teoria. O argumento é que Leonardo da Vinci não terminou sua criação “A Batalha de Anghiari”.

Ela foi encomendada para a sede do governo de Florença, por volta de 1503. Hoje, “A Batalha de Anghiari” é conhecida pelos cartuns de Leonardo da Vinci ou seus desenhos preparatórios, bem como por cópias de artistas como Peter Paul Rubens e Gérard Edelink.

A pintura representa um confronto épico de 1440 entre Florença e Milão. São utilizadas técnicas composicionais complexas e representações carregadas de emoção dos soldados e dos cavalos contando a história da guerra.

Teorias envolvendo “A Batalha de Anghiari”

Giorgio Vasari, um artista renascentista amplamente reconhecido como o primeiro historiador da arte, elogiou muito a pintura. Inclusive, uma lenda surgiu por causa dele.

Encarregado de redesenhar o salão principal do Palazzo Vecchio no início de 1560, Vasari supostamente escondeu a obra atrás de um afresco de sua autoria, ou assim diz a teoria.

O argumento mais recente centra-se em uma inconsistência no processo criativo de Da Vinci. De acordo com Alex Greenberger, da Artnews, o artista queria preparar uma parede no prédio do governo para a pintura colocando gesso e óleo sobre ela. Só que essa combinação tornaria impossível que a tinta grudasse nessa superfície.

esboço preliminar da pintura
Um esboço preliminar que Leonardo pode ter feito para a pintura. (Wikimedia Commons)

Portanto, como o processo de pintura não foi bem-sucedido, Da Vinci jamais teria pintado essa obra, disse a historiadora de arte Francesca Fiorani para a Artnews. Isso significa que a obra não passou de um desenho.

Registros datados de 1503 e 1506 apoiam os historiadores nessas descobertas. Conforme relata Nick Squires para o Telegraph, os documentos mostram que Leonardo comprou grandes quantidades de gesso e outros suprimentos necessários para o trabalho preparatório, mas nenhuma tinta.

Mas alguns historiadores estão convictos na teoria inicial. O principal deles é Maurizio Seracini, porque ele estudou “A Batalha de Anghiari” desde 1975. Ele é um dos que defende a teoria de que Vasari preservou secretamente a obra.

Afinal, em 2011, Seracini e seus colegas tiveram autorização para fazer seis pequenos furos no afresco de Vasari e pegaram amostras de tinta de uma lacuna atrás da obra.

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A equipe afirma que não existem outras lacunas atrás dos outros cinco afrescos de Vasari enormes no corredor de teto alto. Outro argumento utilizado são as semelhanças do pigmento preto recuperado e os pigmentos usados para representar a Mona Lisa e São João Batista, embora o pigmento tenha sido amplamente utilizado por contemporâneos de da Vinci.

Impacto da obra

Se os historiadores conseguissem achar “A Batalha de Anghiari” do Leonardo da Vinci, ela teria um impacto significativo na história da arte.

Apenas 24 pinturas são indiscutivelmente atribuídas a ele. Em 2017, um da Vinci redescoberto intitulado Salvator Mundi foi vendido em leilão por US$ 450 milhões, mesmo com dúvidas sobre a sua autenticidade.

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