Hoje, 31 de março, a Autoridade Italiana de Proteção de Dados anunciou a suspensão temporária e imediata do ChatGPT no país, devido a supostas violações de privacidade. A empresa responsável pela tecnologia, a OpenAI, será investigada.
Em comunicado à imprensa, a agência alega que a OpenAI está violando a lei de privacidade da União Europeia, conhecida como GDPR, por não possuir base legal para justificar a “coleta massiva” de dados pessoais utilizados no treinamento da IA.
Também argumentam que a OpenAI não fornece informações suficientes sobre a quantidade de dados coletados e expressam preocupação com a ausência de verificação de idade no ChatGPT, colocando crianças em risco de serem expostas a conteúdos inadequados para sua idade e consciência.
Caso você não tenha acompanhado as últimas notícias, o ChatGPT é um chatbot de inteligência artificial (IA) desenvolvido para responder a textos de maneira conversacional. A tecnologia se baseia em um modelo de linguagem de grande porte, um algoritmo de aprendizado profundo capaz de compreender, processar, prever e gerar texto a partir de conhecimentos adquiridos em grandes conjuntos de dados.
Graças à sua profunda compreensão dos padrões de linguagem, o ChatGPT consegue realizar proezas incríveis de aparente inteligência. A ferramenta já foi usada para escrever código de computador e até mesmo para redigir artigos jornalísticos (com resultados variados). Chegou até mesmo a passar em um exame de licenciamento médico nos EUA.
Lançado em novembro de 2022, o ChatGPT conquistou o mundo rapidamente, com muitos acreditando que a tecnologia tem potencial para provocar uma revolução tecnológica comparável à criação da internet.
Contudo, a ferramenta também gerou polêmicas. O avanço tecnológico suscitou temores de que a IA, se não for devidamente gerenciada, possa se tornar poderosa demais e representar uma ameaça existencial à humanidade.
Na última semana, uma extensa lista de personalidades, incluindo Elon Musk e o co-fundador da Apple, Steve Wozniak, assinou uma carta aberta pedindo a suspensão imediata de todos os experimentos com IA devido aos “riscos profundos à sociedade e à humanidade”.
“A inteligência artificial competitiva com a humana pode representar riscos profundos à sociedade e à humanidade, como mostrado por pesquisas extensas e reconhecido pelos principais laboratórios de IA”, diz a carta.
“IA avançada pode representar uma mudança profunda na história da vida na Terra e deve ser planejada e gerenciada com cuidado e recursos proporcionais. Infelizmente, esse nível de planejamento e gerenciamento não está acontecendo, mesmo que nos últimos meses os laboratórios de IA estejam envolvidos em uma corrida descontrolada para desenvolver e implantar mentes digitais cada vez mais poderosas que ninguém – nem mesmo seus criadores – consegue entender, prever ou controlar de maneira confiável”, acrescenta o texto.
O posicionamento da Itália e a crescente preocupação global com o gerenciamento e regulamentação da IA evidenciam a necessidade de abordagens mais cuidadosas e responsáveis no desenvolvimento dessa tecnologia. A rápida evolução dos chatbots e sistemas de inteligência artificial gera discussões importantes sobre os limites éticos, legais e de privacidade que devem ser observados para garantir a segurança e o bem-estar da sociedade.
