Psilocibina aumenta o crescimento de conexões neurais perdidas na depressão

Mateus Marchetto
Este composto de cogumelos alucinógenos pode abrir portas para novos tratamentos contra a depressão. Imagem: Ervin Gjata/ Pixabay

Diversas drogas alucinógenas vêm tomando espaço nas notícias sobre neurologia. Isso porque muitos princípios ativos têm se mostrado eficientes no tratamento de distúrbios psicológicos. Vale ressaltar que o uso das drogas em si, evidentemente, não é responsável pelos tratamentos, mas sim o desenvolvimento de novos medicamentos. Assim, pesquisadores encontraram novas evidências de que a psilocibina pode ajudar no tratamento da depressão.

Este composto ocorre naturalmente em diversas espécies de cogumelos alucinógenos, conhecidos também como magic mushrooms. O consumo causa, semelhante ao LSD, alucinações e pode ter efeitos deletérios sobre a saúde. Contudo, testes anteriores com a psilocibina mostraram que o composto poderia de fato aumentar as conexões no cérebro.

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Imagem: Michael M/Pixabay 

A nova pesquisa, publicada no periódico Neuron, testou o efeito da droga em ratos de laboratório em comparação com a cetamina. Este medicamento é um anestésico que tem se mostrado efetivo no combate à depressão em seres humanos.

Os resultados mostraram, por conseguinte, que uma única dose de psilocibina para os ratinhos aumentou a formação de novas espinhas dendríticas (um tipo de ligação neuronal) em até 10% em relação aos ratos que não receberam a droga. Ademais, estas ligações eram também em torno de 10% mais densas e, consequentemente, mais fortes.

Metodologia e conclusões sobre a psilocibina

Para chegar a tais conclusões, os pesquisadores usaram três grupos de ratos. O primeiro recebeu um placebo, uma solução salina sem qualquer efeito antidepressivo. O segundo grupo, ou controle positivo, recebeu a cetamina. Por fim, o terceiro recebeu o tratamento com a psilocibina.

Após isso os pesquisadores observaram os ratos por mais de um mês e avaliaram o comportamento dos bichinhos em situações de estresse. Choques leves foram incididos nos animais por exemplo, para avaliar o estresse e a capacidade de lidar com situações estressantes. Surpreendentemente, com apenas uma dose de psilocibina, os ratos tiveram resultados significantes.

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Imagem: Nature_Blossom/Pixabay 

Após o período de observação os ratos passaram pela eutanásia e houve uma contagem estatística da formação de novas espinhas dendríticas em seus cérebros.

Apesar dos resultados animadores, os pesquisadores ressaltam que estes resultados são válidos para os ratos, apenas .Antes de qualquer conclusão, a droga precisa passar por testes de segurança e posteriormente por testes clínicos. Só a partir disso é possível dimensionar o real impacto da psilocibina sobre a depressão.

O artigo está disponível no periódico Neuron.

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